Uma equipe de paleontologistas da Universidade do Chile anunciaram a descoberta de um animal que foi provavelmente o maior de todos os que habitaram as águas da Antártida: um novo lagarto gigante marinho.

Uma expedição de cientistas chilenos à ilha Seymour, na Antártida, provavelmente um dos lugares mais duros para os paleontologistas trabalharem, enfrentou condições do tempo muito difíceis.

No entanto, precisamente por isso, e por a informação ser escassa, novas descobertas podem ser muito premiadas. E foi o que aconteceu com os cientistas chilenos.

Nos últimos dias do trabalho de campo, depois de caminhadas terríveis com lama até aos joelhos, eles conseguiram fazer uma descoberta sensacional em rochas com 66 milhões de anos: os restos fósseis do crânio de um mosassauro, um lagarto gigante marinho.

(dr) Otero, R.A. et al

A expedição chilena enfrentou condições atmosféricas muito adversas

O crânio do lagarto carnívoro atinge mais de um metro. Os cientistas principais creem que é o maior animal conhecido a habitar esta região. Os paleontologistas chamaram-lhe Kaikaifilu Hervei e publicaram a sua descoberta no jornal Cretaceous Research.

Kaikaifilu é um novo lagarto gigante marinho (mosassauro) descoberto nas rochas da Antártida, com 66 milhões de anos. Ele tem cerca de 10 metros de comprimento e é o maior carnívoro marinho deste continente”, anunciou a Universidade do Chile, em um comunicado.

“O Kaikaifilu viveu no fim da era dos dinossauros quando a Antártida era um ecossistema mais quente e nele viviam répteis marinhos”, acrescenta o comunicado.

Os mosassauros não são dinossauros, mas parentes próximos dos lagartos de hoje que viviam principalmente no oceano. Ao contrário dos lagartos que nós conhecemos, estas espécies tinham membros semelhantes a barbatanas e caudas longas para poderem nadar.

(dr) Otero, R.A. et al

O Kaikaifilu foi encontrado em rochas do Cretácio no norte da Antártida

O Kaikaifilu foi encontrado em rochas do Cretácio no norte da Antártida

“A cada vez maior diversidade dos répteis marinhos do Cretáceo aumenta no hemisfério sul está mudando lentamente o paradigma histórico. Desde o século XIX, muitos fósseis de répteis do sul tinham sido atribuídos a espécies do hemisfério norte”, escreveu o paleontologista Rodrigo Otero, um dos autores do estudo.

“Neste sentido, o Kaikaifilu é mais um exemplo deste paradigma. Os registos no sul têm poucos crânios de mosassauros, a maioria foi encontrada na Nova Zelândia. No sul da América do Sul e na Antártida, os mosassauros são especialmente raros“, diz Otero.

“Daí a relevância do novo espécime, que mostra um parentesco distante em relação aos mosassauros do hemisfério norte”, explica o cientista.

Agora os paleontologistas acreditam que os grandes dentes encontrados por todo lado na Antártica podiam ter pertencido ao Kaikaifilu, e não a outras espécies de lagarto marinho, como se pensava antes.

(dr) Otero, R.A. et al

O Kaikaifilu tem cerca de 10 metros de comprimento e é o maior carnívoro marinho deste continente.

O Kaikaifilu tem cerca de 10 metros de comprimento e é o maior carnívoro marinho deste continente.

“Antes desta pesquisa, os restos de mosassauros conhecidos da Antártida não forneciam evidência da presença de predadores gigantes como o Kaikaifilu, em um ambiente onde os plesiossauros eram especialmente abundantes”, diz Otero.

“O novo achado complementa um elemento ecológico esperado do ecossistema antártico durante o último período do Cretáceo”, conclui o paleontologista.

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