O presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), João Martins, disse após reunião com o presidente Michel Temer, que os produtores são as grandes vítimas do esquema de “maquiagem” de carnes estragadas descoberto pela Operação Carne Fraca, da Polícia Federal.
Martins cobrou punição enérgica aos agentes públicos e as empresas envolvidas no esquema criminoso e reforçou o discurso de que o problema é isolado.
“Tem que ser dividido esse esclarecimento à sociedade. Se fala muito em esclarecer, mostrar lá fora para os países importadores de carne de que temos uma defesa sanitária muito boa e temos mesmo. Agora, temos que mostrar para a nossa população que nós produtores somos as grandes vítimas disso tudo”, disse Martins.
Para o presidente da CNA, no primeiro momento, os produtores vão “pagar o pato” do impacto negativo dos problemas descobertos pela Operação Carne Fraca.
A operação investiga uma organização criminosa liderada por fiscais agropecuários federais e empresários do agronegócio. De acordo com a PF, grandes empresas como a BRF Brasil estão envolvidas, produtos químicos eram usados para “maquiar” carne vencida, e água era injetada nas peças de carne para aumentar o peso e encarecer o produto.
“Com certeza, vamos pagar o pato no primeiro momento com a especulação. Alguns frigoríficos podem usar de má fé e dizer que a cotação do boi caiu por causa do mercado exportador ter recuado, mas não existe nenhum mercado externo que tenha recuado até o momento”, disse.
Segundo Martins, na reunião no Palácio do Planalto, o presidente Michel Temer apresentou aos representantes dos produtores as medidas emergenciais que estão sendo tomadas.
“O presidente mostrou a nós as medidas que já foram tomadas, de punir os 33 fiscais que foram pegos nessa situação, fechar as três unidades e pedir que exista mais rigor”, disse o presidente da CNA.
“Os produtores, a sociedade brasileira precisam ter a certeza de que estão consumindo carne com inspeção perfeita, da melhor qualidade possível, não só dizer que somos um grande exportador de carne e frango, temos que comer aqui a mesma qualidade que é exportada”.
Força tarefa é criada para investigar frigoríficos
Na abertura da reunião com cerca de 40 representantes de países importadores de carne brasileira, o presidente Michel Temer anunciou hoje (19) maior rigor na fiscalização dos frigoríficos do país.
Temer ressaltou que problemas descobertos pela Operação Carne Fraca são pontuais, que a carne produzida e exportada pelo país é de qualidade e que o governo determinou celeridade nas auditorias que serão feitas nos estabelecimentos envolvidos no esquema criminoso.
“Quero fazer um comunicado de que decidimos acelerar o processo de auditoria nos estabelecimentos citados na investigação da Polícia Federal. Na verdade, são 21 unidades, no total, três dessas unidades foram suspensas e todas as 21 serão colocada sob regime especial de fiscalização a ser conduzida por força tarefa do Ministério da Agricultura”, anunciou Temer.
Para o presidente, as empresas flagradas no esquema de “maquiagem” de carne estragada é um “mínimo” diante do total de plantas frigoríficas do país.
“É importante sublinhar que dos 11 mil funcionários do Ministério da Agricultura, apenas 33 estão sendo investigados e das 4.837 unidades sujeitas a inspeção federal, delas, apenas 21 estão supostamente envolvidas em irregularidades”, disse Temer aos representantes de países importadores de carne brasileira.
“Fazemos essa comunicação para que os senhores, acompanhando o que estamos fazendo a partir de ontem, possam lançar esse comunicado aos seus países, governantes para tranquiliza-los no tocante ao noticiário que se deu nesses últimos dias”, acrescentou.
Temer considerou o assunto como urgente e, para atestar a confiança no produto brasileira, o presidente convidou os diplomatas para uma churrascaria. “Queremos convidar a todos para, quando saímos daqui, quem puder aceitar, vamos todos a uma churrascaria para comer a carne brasileira”, disse o presidente.