Com paródia de Chico Buarque e fotografia inspirada em “Cidade de Deus”, obra busca mostrar realidade de jovens do mundo.
“Todo dia ele faz tudo sempre igual / Sete horas da noite vai pegar plantão / E sorri um sorriso pontual / Pois um dia na boca tá patrão”. Esses trechos podem até lembrar uma das composições mais famosas da música popular brasileira, mas só lembrar.
A letra é parte do novo trabalho do cantor mineiro Kdu dos Anjos, o clipe “Tá Rolando”, lançado nas redes sociais no mês de março. Assim como em “Cotidiano”, de Chico Buarque, a música narra o dia a dia, mas com uma diferença principal: ela nada tem de romântico.
No vídeo, as batidas de funk conduzem por uma viagem pelo Aglomerado da Serra, uma das maiores comunidades de Belo Horizonte. E é lá que Kdu encontra o cenário para narrar o cotidiano cruel dos jovens do tráfico de drogas.
“A música original do Chico fala de boca de hortelã, de café, de feijão. No tráfico não existe esse sentimentalismo, existe é muita treta para quem exerce a função”, reflete o músico, que mora na Favelinha, vila que ajuda a compor o conglomerado e cenário das filmagens.
Segundo o artista, na região a canção já estava decorada antes mesmo de ser gravada. “Todo mundo se identifica”, declara.
Fotografia inspirada
Com cores que dialogam com “Cidade de Deus”, filme do diretor brasileiro Fernando Meirelles, “Tá Rolando” une arte à realidade, fazendo com que todos os trabalhadores do tráfico conduzam as vendas com passos de dança – tem passinho, break, contemporânea e muitos outros.
A escolha também não foi por acaso. “Foi uma brincadeira com o ditado ‘quem tá na pista, dança’. Ainda teve a maquiagem pra mostrar que todo mundo – policiais, usuários, moradores – sabe quem tá vendendo a droga.
São jovens que passam como invisíveis, mas na verdade chamam bastante atenção”, diz Kdu, que destaca o fato de que qualquer dançarino do clipe poderia ter seguido o caminho do tráfico.
Um deles, o jovem Augusto Guerra, que leva os passos de Hip Hop para as imagens, conta que inclusive já perdeu amigos próximos para esse mundo. Sobre a iniciativa de levar a dança para o ambiente das drogas, ele afirma que o intuito é também mostrar como a atividade pode salvar vidas.
“Na minha performance, procurei evidenciar a felicidade que dançar proporciona. Levei pro lado bom de curtir com os amigos, estar animado”, revela.
Sobre a sua carreira, Kdu não sente a necessidade de um novo CD, mas diz que pretende, cada vez mais, se aproximar das vertentes do funk e ter o rap como mensagem.
Mas que merda, hein!?
Tanto intelectualismo para romantizarem e transformarem em heróis diversos vagabundos que vendem a perdição pro mesmos jovens da suposta comunidade que (fingidamente) dizem que se importam e que os protegem.
Essa glamourização da vida criminosa, é o próprio marketing para atrair mais gente tola.