Um único fóssil pode ter mudado tudo o que sabemos sobre Pangeia

Keck School of Medicine of USC / Jorge A. Gonzalez

Cifelliodon wahkarmoosuch

O fóssil de um pequeno mamífero com quase 130 milhões de anos pode ter revelado que a divisão do supercontinente Pangeia pode ter acontecido mais lentamente do que os cientistas pensavam.

O crânio do pequeno mamífero com quase 130 milhões de anos, encontrado no Utah, nos Estados Unidos, revelou um novo grupo de mamíferos semelhantes aos répteis que existiram na América do Norte, informa o Science Alert.

“Tendo em conta a improvável descoberta deste crânio quase completo, agora reconhecemos um novo grupo cosmopolita de parentes de mamíferos primitivos”, afirma Adam Huttenlocker, autor do estudo e pesquisador da Universidade do Sul da Califórnia.

A nova espécie foi batizada de Cifelliodon wahkarmoosuch em honra ao famoso paleontólogo norte-americano Richard Cifelli e da palavra da tribo Ute para “gato amarelo”.

Os cientistas estimam que a espécie pesava cerca de um quilo e tinha provavelmente o tamanho de uma lebre, o que naquele tempo era considerado um “gigante”, e tinha dentes parecidos com os dos morcegos.

Os gigantes bulbos olfativos indicam que o animal tinha um grande olfato, mas as pequenas cavidades no crânio onde se encontravam os olhos mostram que não tinha uma boa visão, nem conseguia distinguir cores. Possivelmente, era um animal noturno e dependia do sentido do olfato para encontrar comida, explica Huttenlocker.

“O crânio é uma descoberta extremamente rara em uma vasta região com fósseis do interior ocidental, onde as mais de 150 espécies de mamíferos e percursores de mamíferos similares a répteis estão representados sobretudo por dentes e maxilares isolados”, explica o paleontólogo e coautor do estudo James Kirkland.

Os pesquisadores colocaram esta espécie dentro de um grupo chamado Haramiyida. A maioria dos fósseis deste grupo pertenciam ao período Triássico e Jurássico da Europa, Groenlândia e Ásia. Mas esse é o primeiro encontrado na América do Norte.

Assim, o fóssil agora descoberto enfatiza que os ‘haramiyidans’ e alguns outros grupos de vertebrados existiram globalmente durante a transição do Jurássico-Cretácico, o que significa que os corredores para a migração através das massas terrestres do chamado supercontinente Pangeia permaneceram intactos no Cretácico Inferior.

“Durante muito tempo, pensámos que os primeiros mamíferos do Cretácico (entre 145 e 66 milhões de anos atrás) eram anatomicamente similares e não ecologicamente diversos”, explica Huttenlocker.

“A descoberta reforça a teoria de que, mesmo antes do surgimento dos mamíferos modernos, seus parentes antigos exploravam nichos especializados: insetívoros, herbívoros, carnívoros, nadadores e planadores. Basicamente, ocupavam uma variedade de nichos que ainda ocupam nos dias de hoje”.

De acordo com as teorias iniciais, Pangeia começou a se dividir há cerca de 225 a 200 milhões de anos.

O novo estudo, publicado na revista Nature, sugere que a divisão do supercontinente demorou cerca de 15 milhões de anos a mais do que se pensava.

Ciberia // ZAP

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