Angela Merkel vai abandonar a liderança do próprio partido, depois de 18 anos como a frente do mesmo. A alemã também vai abandonar cargo de chanceler em 2021.
A líder alemã informou os membros do partido que não irá se recandidatar a um novo mandato nesta segunda-feira (29), de acordo com a Reuters. O anúncio formal da decisão deverá ser feito em dezembro, em Hamburgo, durante uma conferência do partido.
De acordo com a BBC, Merkel manifesta a intenção de se manter na liderança do governo até 2021, data prevista das próximas eleições legislativas, mesmo não sendo ela a líder do partido. A alemã disse, em coletiva à imprensa, que vai abandonar a vida política quando o mandato terminar.
A decisão foi tomada depois de terem sido conhecidos os resultados das eleições para o parlamento regional de Hesse, em que os partidos que compõem a coligação governamental da Alemanha mantiveram a liderança, mas com uma queda significativa.
O partido da União Democrática Cristã (CDU) venceu as eleições, com 28%, mas perdeu mais de 11 pontos percentuais relativamente às eleições de 2013, o que representa o pior resultado registrado pela CDU nessa região desde 1966. Já o Partido Social-Democrata (SPD), parceiro da CDU na coligação governamental, também recuaram perto de 11 pontos nessas eleições, conquistando menos de 20%.
Por outro lado, o partido da extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) obteve 13% dos votos, entrando para o parlamento regional de Hesse, o único dos 16 do país onde ainda não tinha representação.
Com a imagem do governo fragilizada, Merkel deixa a porta aberta para uma sucessão. Não são conhecidos candidatos, mas vários nomes apontados pela imprensa: Jens Spahn, ministro da Saúde, apoiado pela ala mais conservadora da CDU, Ralph Brinkhaus, líder do grupo parlamentar da CDU, e Annegret Kramp-Karrenbauer, secretária-geral do mesmo partido.
Merkel, que é líder dos democratas-cristãos desde 2000, continuará como chanceler alemã, cargo que ocupa desde 2005, até 2021. Até agora, Merkel sustentava que a liderança da CDU e da chancelaria eram duas posições que deveriam ser ocupadas pela mesma pessoa, enquanto o partido estivesse à frente do governo.
A fraqueza de Merkel na Alemanha pode limitar sua capacidade de liderança na União Europeia, em um momento em que o bloco lida com o Brexit, uma crise orçamentária na Itália e a perspectiva de partidos populistas ganharem nas eleições para o Parlamento Europeu em maio próximo.
Ciberia // ZAP