Na manhã desta terça-feira (26), agentes do Exército sobrevoaram a Rocinha, na Zona Sul do Rio, e lançaram panfletos com informações do Disque Denúncia e pedidod para que os moradores denunciem a localização de criminosos ligados aos confrontos que têm acontecido na comunidade há mais de uma semana.
Segundo o portal de notícias da Globo, desde o dia 16, o Disque Denúncia recebeu 279 denúncias sobre localização de armas, traficantes e possíveis rotas de fuga usadas por criminosos. Moradores também relataram que algumas pessoas pediam para ninguém pegar o panfleto que era jogado do helicóptero.
Durante a madrugada não havia relato de troca de tiros na região, mas durante a manhã a Polícia Militar confirmou que houve um novo tiroteio, mas ainda não tinha detalhes sobre confronto.
Unidades de saúde redirecionam atendimento médico
Parte das unidades de saúde na favela da Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro, redirecionaram os atendimentos para outras localidades. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a estratégia foi adotada a partir desta terça. A possibilidade de abrir as unidades que foram fechadas ainda será avaliada.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a Clínica da Família Maria do Socorro dividiu suas equipes entre as clínicas Rinaldo de Lamare, na parte baixa da comunidade, e Píndaro de Carvalho Rodrigues, na Gávea.
O Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Maria do Socorro transferiu a entrega de medicamentos para a clínica Rinaldo de Lamare e realocou o restante da equipe no CAPS Franco Basaglia, em Botafogo.
As equipes da Unidade de Pronto Atendimento da Rocinha atenderão na clínica Rinaldo de Lamare, no plantão diurno, e no Hospital Rocha Maia, no plantão noturno.
Moradores convocam reunião sobre abuso de autoridade
As ações policiais de busca pelo líder do crime na Rocinha, o traficante Rogério 157, têm incomodado moradores, que denunciam excessos durante as revistas, entrada nas casas sem mandado e até arrombamentos de portas.
Para tratar do assunto, a União Pró-Melhoramentos dos Moradores da Rocinha (UPMMR) convocou para esta terça-feira à tarde uma reunião na quadra esportiva da localidade conhecida como Roupa Suja.
O ofício convocatório foi entregue no começo da noite desta segunda-feira (25) ao titular da 11ª Delegacia de Polícia, que abrange a Rocinha, delegado Antônio Ricardo. Segundo um representante da associação, a entidade recebeu denúncias de que 18 casas de moradores foram arrombadas pelas forças de segurança.
O ouvidor da Defensoria Pública do Estado, Pedro Strozenberg, esteve nesta segunda-feira na Rocinha para ouvir moradores. “As notícias que chegam são sempre alarmantes, relatando certa agressividade das forças policiais nas revistas. O que se nota é uma insegurança, por parte dos moradores, de como serão os próximos dias, qual a estratégia da polícia e quanto tempo as Forças Armadas vão ficar”, relatou Strozenberg.
Segundo ele, denúncias podem ser feitas de forma anônima ao telefone 129, da Defensoria Pública, ou pelo e-mail ouvidoria.dpge@gmail.com.
Desacato
Um exemplo da relação tensa entre a polícia e moradores foi a detenção de um jovem de 19 anos, no meio da tarde, acusado de ter desacatado um policial militar. A mãe do jovem disse que o filho apenas ficou nervoso com a abordagem, o que bastou para o policial levá-lo à força para a 11ª DP.
“Vocês vieram para ajudar a gente, ou para nos destruir? Basta de esculacho [desrespeito]”, protestou a mãe, em frente da delegacia. No início da noite, após ser ouvido, o jovem foi liberado.
Ciberia // G1 / Agência Brasil
Que interessante! A população das favelas fica quietinha quando os traficantes decretam luto, fechamento do comércio, recolher, silêncio etc. Mas quando as forças públicas atuam, reclamam ostensivamente e até denunciam nas delegacias. Por que não fazem o mesmo contra os traficantes? Afinal, quem é que está destruindo a sociedade?