Cientistas norte-americanos desenvolveram um modelo que sugere que detritos expelidos para o espaço por um corpo celeste que colidiu com Marte há cerca de 4,3 bilhões de anos alternam entre a formação de um anel planetário e a aglomeração para formar uma lua.
Essa é a teoria apresentada por David Minton e Andrew Hesselbrock, cientistas financiados pela NASA da Universidade Purdue, em Lafayette, no estado norte-americano do Indiana, cujas descobertas foram publicadas na Nature Geoscience.
Os especialistas sugerem que a grande bacia polar norte de Marte, a Bacia Borealis – que cobre cerca de 40% do planeta no seu hemisfério norte – foi criada por esse impacto, expelindo detritos para o espaço.
O modelo de Hesselbrock e Minton sugere que à medida que esses detritos se afastavam lentamente do Planeta Vermelho, foi formada uma lua.
Ao longo do tempo, a força gravitacional de Marte teria puxado essa lua em direção do planeta até atingir o limite de Roche, a distância na qual as forças de maré de um planeta desintegram um corpo celeste unido apenas pela gravidade.
“O meu argumento é que Fobos não foi produzida num impacto. Em vez disso, o maior impacto criou um grande satélite que, em vez de colidir com Marte, se rompeu”, diz o autor do estudo, Andrew Hesselbrock, da Universidade de Purdue, em entrevista ao Gizmodo.
Ou seja, o especialista sugere que Marte pode ter tido, um dia, uma lua de tamanho bastante considerável que se desfez, criando um sistema de anéis. Com o tempo, esse sistema caiu aos pedaços sob o puxão da gravidade de Marte até que restassem as duas luas minúsculas Fobos e Deimos.
Marte já teve (e voltará a ter) anéis como os de Saturno
O novo estudo realizado pelos cientistas norte-americanos apoia a teoria divulgada em 2015 que defende que, tal como Saturno, é possível que Marte também tenha tido anéis no passado e pode vir a tê-los novamente.
De acordo com os especialistas, Fobos está ficando cada vez mais próxima de Marte e irá se desintegrar quando atingir o limite de Roche, produzindo um conjunto de anéis daqui a cerca de 70 milhões de anos.
Dependendo da posição do limite de Roche, Minton e Hesselbrock pensam que este ciclo poderá ter se repetido entre três e sete vezes ao longo de milhares de milhões de anos.
Segundo o modelo, cada vez que uma lua se desintegra e é reformada a partir do anel resultante, a lua sucessora seria cinco vezes menor do que a anterior, e os detritos teriam caído no planeta, possivelmente explicando depósitos sedimentares enigmáticos encontrados perto do equador de Marte.
“Poderíamos ter sedimentos lunares com quilômetros de espessura a chover nos primeiros tempos da história do planeta, e existem depósitos sedimentares enigmáticos em Marte sem nenhuma explicação de como chegaram lá. E agora é possível estudar esse material”, comenta Minton.
“Esta investigação destaca ainda mais maneiras de os impactos afetarem um corpo planetário,” comenta Richard Zurek do JPL da NASA em Pasadena, Califórnia, EUA.
Minton e Hesselbrock vão se concentrar agora na dinâmica do primeiro conjunto de anéis formados ou nos materiais que choveram sobre Marte derivados da desintegração das luas.
// ZAP