Um grupo de cientistas do Reino Unido encontrou 15 cérebros fossilizados de uma insólita criatura marinha que viveu entre 521 e 514 milhões de anos atrás.
Os fósseis do “monstro marinho”, que viveu há cerca de 520 milhões de anos, foram encontrados congelados na Groenlândia. A pesquisa descobriu os cérebros e sistemas nervosos de 15 indivíduos, pertencentes a uma das espécies ancestrais de aracnídeos e insetos.
Este achado é fruto do trabalho dos cientistas entre os anos de 2011 e 2016, no sítio Sirius Passet, localizado no norte da Groenlândia. Por mais que a espécie do “monstro” já fosse conhecida e identificada, os novos fósseis revelaram informações inéditas.
O cérebro da criatura, conhecida como Kerygmachela kierkegaardi, tinha uma estrutura simples e era composto por um único segmento.
Esta característica faz com que seu cérebro seja diferente do dos humanos e até de seus “parentes artrópodes, como aranhas, gafanhotos ou borboletas”, cujo cérebro está dividido em três partes, frisou Jakob Vinther, pesquisador da Universidade de Bristol e autor principal do estudo publicado na revista Nature.
A descoberta tem importantes implicações, já que se trata de um dos mais antigos cérebros fossilizados encontrados, ajudando os cientistas a entender melhor os mecanismos da evolução.
O Kerygmachela kierkegaardi tinha forma oval e media 25 centímetros. Sua cabeça tinha dois apêndices longos e ostentava uma cauda fina. Para se deslocar na água usava seus 11 pares de barbatanas.
Segundo Jakob Vinther e sua equipe, as análises do cérebro do “monstro”, um predador marinho, mudam a forma como pensamos a evolução do nosso próprio cérebro. “Você pode chamá-los de elo perdido por conter características que existem em animais atuais, mas que não eram encontradas em fósseis mais antigos”, explicou Vinther.
O cérebro simples dos Kerygmachela kierkegaardi pode ter sido um fator chave para a sobrevivência da espécie durante a Explosão Cambriana, um período, cerca de 541 milhões de anos atrás, durante o qual uma enorme variedade de animais surgiu.
Antes disso, a maior parte dos organismos era simples, composta de células individuais e organizada em colônias. Tudo mudou nos 80 milhões de anos seguintes, quando a diversidade de formas de vida apareceu e configurou um quadro semelhante ao existente hoje em dia.
Os cientistas acreditam que um grande “pico de oxigênio” foi o responsável pelo desenvolvimento de várias espécies, um evento que terminou 488 milhões de anos atrás, com o fenômeno da extinção do Cambriano Ordoviciano, a qual o “monstro marinho” sobreviveu.
A primeira grande extinção em massa conhecida, ela pode ter acontecido por dois motivos: queda brusca de oxigênio nos oceanos ou um período de glaciação na Terra.
Ciberia // Sputnik News / Último Segundo