Em meio a um clima de muita emoção, comoção e revolta, parentes, amigos e professores participaram no início da tarde de hoje (1º), do sepultamento da adolescente que morreu na escola, na quinta-feira (30).
A menina Maria Eduarda Alves da Conceição, de 13 anos, morreu após levar três tiros no interior da Escola Municipal Daniel Piza, em Fazenda Botafogo, na Zona Norte da cidade.
O prefeito do Rio, Marcelo Crivella, esteve presente ao sepultamento, no Cemitério Parque Jardim de Mesquita, em Edson Passos, na Baixada Fluminense.
Na última sexta-feira ele já havia se comprometido a “blindar” as escolas municipais que estão localizadas na linha de tiro resultante de confrontos entre policiais e traficantes, como é o caso da Escola Municipal Daniel Piza, onde Maria Eduarda estudava.
O velório da estudante, na manhã de hoje, ocorreu em meio a protesto e muita revolta por parte de parentes e amigos presente na capela onde o corpo da jovem estava sendo velado. Muitos usavam camisas homenageando Maria Eduarda com a frase “Saudades eternas”.
A morte da jovem ainda não está devidamente esclarecida e está sendo investigada pela pela Divisão de Homicídios. No momento em que ela foi atingida pelos disparos que a mataram, ocorreu uma intensa troca de tiros e policiais militares foram filmados atirando à queima roupa em dois homens que estavam caídos no chão.
O vídeo da execução foi amplamente divulgado nas redes sociais e nas imagens e reportagens da televisão, o que acabou por levar a Corregedoria da Polícia Militar, que também atua no caso, a determinar a prisão domiciliar dos dois policiais militares flagrados atirando contra os jovens.
Os dois policiais flagrados pelo vídeo são o cabo Fábio de Barros Dias e o sargento David Gomes, ambos lotados no 41º Batalhão da Polícia Militar, localizado em Irajá, também na zona norte. Eles estão sendo autuados por homicídio qualificado.
Ação na Justiça
O advogado João Tancredo, que dá suporte à família da estudante Maria Eduarda a pedido do Movimento Rio de Paz, já informou que na próxima segunda-feira (3) vai entrar com uma ação indenizatória contra o Estado.
Segundo o advogado, que ajudou a família na liberação do corpo da adolescente, no Instituto Médico Legal, é irrelevante saber a origem dos disparos que atingiram a jovem, pois na medida em que há agente público envolvido no confronto, o Estado passa a ter responsabilidade.
“Não é necessário que se conclua o inquérito para apurar responsabilidade. Uma coisa é localizar o autor do fato. Isso para para um processo de indenização não importa, porque em todo local onde acontecer uma atividade do Estado ligado à polícia e alguém sofrer um dano, não importa a origem do disparo que causou a morte”, diz o advogado.
“A polícia tem que ir aos lugares para garantir a vida das pessoas e não para tira-lá. Se ela *****via e gera um confronto armado, o Estado é responsabilizado pelo fato”.
Afastamento dos policiais
A Defensoria Pública do Rio de Janeiro (DPRJ) por sua vez, havia questionado a Secretaria de Segurança do Estado e o Comando Geral da Polícia Militar por que os dois policiais flagrados executando os dois homens ainda não estavam afastados de suas funções, o que acabou acontecendo logo depois.
Segundo a Defensoria, há denuncias de que os PMs estariam envolvidos em 37 autos de resistência – ou seja, mortes de suspeitos ocorridas em operações policiais. O questionamento da DPRJ consta em um ofício encaminhado aos respectivos órgãos na tarde de ontem (31).
Redigido pelos defensores do Núcleo de Direitos Humanos (Nudedh) e do Núcleo Contra a Desigualdade Racial, o documento também pede o afastamento e a suspensão do porte de arma do sargento David Gomes e do cabo Fábio de Barros Dias.
// Agência BR