Com o objetivo de observar e fiscalizar a atuação de policiais militares e manifestantes, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) vai passar a acompanhar atos de protestos previamente agendados nas ruas e praças da cidade.
O acompanhamento é uma reação às denúncias de violência policial que ocorreram durante a greve do dia 28 de abril, quando a polícia teria agido com truculência, jogando bombas de gás lacrimogêneo e atirando balas de borracha para dispersar os manifestantes na Cinelândia, durante mobilização contra as reformas trabalhista e da Previdência.
O anúncio foi feito pelo procurador-geral de Justiça, Eduardo Gussem, que recebeu, na segunda-feira (8), o deputado federal Alessandro Molon (Rede-RJ) e o presidente da Comissão de Segurança Pública da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional do Rio de Janeiro (OAB/RJ), Breno Melaragno, para tratar sobre os atos.
Na ocasião, o deputado federal entregou representação pedindo “apuração da violência praticada por policiais contra a população e a responsabilização das autoridades competentes”.
Ele também entregou imagens que registraram a atuação da polícia, segundo o MP.
O procurador-geral de Justiça informou hoje (9), em nota, que o Ministério Público já instaurou procedimento “para investigar os atos de violência, tanto por parte de policiais quanto dos participantes. Ele informou que vai ouvir testemunhas e vítimas, incluindo parlamentares que participaram do ato do dia 28”.
Gussem afirmou que o ministério vai atuar em conjunto e de forma estratégica com a OAB para acompanhar as manifestações. “O MP fluminense irá para as ruas fiscalizar os protestos e a atuação dos policiais e dos manifestantes”, disse.
O ministério estuda elaborar um protocolo de atuação da polícia durante as manifestações.
Complexo do Alemão
O procurador-geral de Justiça recebeu os deputados estaduais Marcelo Freixo (PSOL/RJ) e Flávio Serafini (PSOL/RJ), que entregaram ainda uma representação sobre a ocupação de casas por parte da polícia no Complexo do Alemão.
Em relação aos domicílios ocupados, o órgão informou que já está tomando providências. “A instituição vem fazendo reuniões com autoridades da Secretaria de Estado de Segurança e encontros com moradores do Complexo do Alemão para retomar a pacificação da Fazenda Nova Brasília”, afirmou.
Representantes do MPRJ estão se reunindo ainda com o comando da 2ª UPP – Morro do Alemão e dos Grupos Especiais da PMERJ, o comando geral da PMERJ, incluindo os chefes Operacional e do Estado Maior, a Secretaria de Estado de Segurança e com lideranças comunitárias para que seja encontrada uma solução que equacione os problemas decorrentes da ocupação.
“A proposta é fortalecer a polícia de proximidade, uma filosofia de atuação em segurança pública, segundo a qual as ações são definidas com base em negociação com a comunidade, ou seja, trata-se de uma espécie de polícia comunitária”, disse o ministério, em nota.
Na avaliação do MPRJ, o sucesso da política de pacificação na UPPs depende em parte desta aproximação com a sociedade.