Quando era vivo, o atacante do Botafogo e da seleção brasileira Manuel Francisco dos Santos, ou simplesmente Mané Garrincha, era impossível de ser marcado. Com seus dribles, deixava frequentemente os adversários no chão.
Morto em 1983, aos 49 anos, em decorrência do alcoolismo, Garrincha foi sepultado no Cemitério Municipal de Raiz da Serra, em Magé, na Baixada Fluminense. Agora, 34 anos após o funeral, o craque dribla, involuntariamente, quem procura por seus restos mortais.
Parentes de Mané e a Prefeitura de Magé confirmaram, nesta terça-feira (30), que não sabem onde está enterrado o jogador, bicampeão mundial na seleção.
A administração do cemitério admite a hipótese de que os restos mortais de Garrincha possam até ter se perdido durante um processo de exumação.
“Pelo que a gente pesquisou, não se tem certeza de que ele está enterrado. Houve uma informação de que o corpo foi exumado e levado para um nicho (gaveta no cemitério), mas não há documento da exumação”, disse Priscila Libério, atual administradora do cemitério.
No local, existem duas sepulturas como o nome de Garrincha. A primeira é coletiva e fica na parte baixa do terreno. É o local onde originalmente Mané foi sepultado, além de outros parentes do craque.
A segunda fica na parte superior do cemitério. Distante 200 metros do primeiro túmulo, foi construída em 1985 pela Prefeitura de Magé, que marcou o ponto com um obelisco. Uma das filhas do jogador, Rosângela Santos diz que a família sofre sem saber onde Garrincha está sepultado. “Meu pai não merecia isso”, desabafou.
O corpo de Garrincha teria sido retirado, há cerca de dez anos, do túmulo onde originalmente foi sepultado.
Segundo João Rogoginsky, de 70 anos, primo do jogador, outra pessoa da família morreu e precisou ser enterrada naquele jazigo. Ele foi informado, na época, de que a ossada do atleta foi retirada para ser colocada num nicho. Mas João não assistiu à exumação.
“Eu não vi. Só me disseram que haviam tirado e colocado num nicho na parte superior do cemitério. Não deram nenhum documento disso“, afirmou.
A atual administração da Prefeitura de Magé descobriu, por acaso, que o destino do corpo é incerto. O prefeito Rafael Tubarão queria fazer uma homenagem ao craque, que completaria 84 anos em outubro.
Ele procurou saber o local exato do sepultamento e recebeu da Secretaria de Ação Social um relatório de um recadastramento no cemitério, feito em anos anteriores, que dizia que o corpo tinha sido exumado. O documento se baseia em informações de João e Rosângela, que não presenciaram a exumação.
“Se a família concordar, faço exumação nas sepulturas. E um DNA para saber se algum corpo é o de Garrincha”, concluiu Tubarão.
A sepultura onde Mané Garrincha foi enterrado originalmente, em 1983, tem pelo menos um erro de informação. A data da morte do jogador está incorreta. O craque morreu no dia 20/01/1983.
Na sepultura, a informação que consta é que ele morreu 20/01/1985, ou seja, dois anos após a data correta. A única semelhança é a de que as duas sepulturas onde consta o nome do craque estão em péssimo estado de conservação.
A filha de Garrincha disse que seu pai foi sepultado num jazigo que pertencia à irmã do jogador.
“Fui informada pelo cemitério que haviam tirado o corpo do meu pai do local onde havia sido sepultado. Era uma cova que pertencia a uma tia que também já morreu. Disseram que estaria num nicho, mas não se tem certeza de nada. Ninguém da família foi informado da exumação do corpo. É difícil para mim e para minhas irmãs não saber onde está o corpo do nosso pai”, concluiu.
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