Os cientistas da Universidade Nacional de Ciência e Tecnologia da Rússia (NUST MISIS, na sigla em inglês) elaboraram uma tecnologia de produção de materiais de asfalto e concreto para pavimentos que podem se “autorrecuperar”.
Segundo o estudo, publicado na revista Composites Science and Technology, uma composição especial, que usa nanotubos de carbono integrados e um novo método de eliminação de rachaduras no pavimento, permitirá reduzir o tempo das obras de reparação de rodovias para algumas horas – atualmente, é preciso trabalhar uma semana.
Os cientistas prognosticam uma redução de três vezes no mínimo dos custos das obras de reparação e construção. E a tecnologia foi aprovada por especialistas da Aliança Internacional dos Transportes (International Transport Alliance, ITA) e é o primeiro projeto internacional a fazer parte do programa da Aliança.
A nova tecnologia criada na MISIS torna desnecessárias as obras de substituição da parte superior protetora do pavimento, um procedimento que exige bastante tempo e que causa incômodos aos motoristas, devido à necessidade de restringir o trânsito em parte da rodovia.
Os nanotubos condutores de eletricidade de paredes múltiplas Taunit-M possuem parâmetros únicos que definem a sua alta capacidade de indução. Este acréscimo não aumenta drasticamente os custos, já que são usados 17 gramas de nanotubos por cada 50 quilogramas de betume. A mistura é suficiente para uma tonelada de conglomerado betuminoso.
Depois, planeja-se usar um dispositivo cujo funcionamento lembra um forno micro-ondas e cuja forma é semelhante a uma compactadora.
Este dispositivo irá se deslocar pelo pavimento, aquecendo a superfície e fazendo os nanotubos entrarem em movimento, o que inicia a recuperação das “feridas do pavimento”. O dispositivo aquecedor ainda não está elaborado, mas o plano é construir um equipamento móvel.
Este projeto está sendo debatido na MISIS juntamente com as corporações Roctec e Rosatom.
Várias universidades e empresas tecnológicas da China e da Holanda também estão elaborando tecnologias análogas de “autorrecuperação” por indução, usando fibra metálica como elemento modificador.
Contudo, os nanotubos de carbono que os cientistas russos propõem usar aumenta a eficiência do método e eleva também significativamente o nível tecnológico da produção, já que o aquecimento induzido só afetará a fina camada de betume que cobre os materiais de pedra, sem que seja necessário mudar a composição do conglomerado betuminoso — o que será preciso se for usada fibra metálica.
A nova tecnologia será testada em um dos trechos rodoviários que fazem parte da preparação para a Copa do Mundo de Futebol em 2018.
A Aliança Internacional dos Transportes “Um Cinturão, uma Rota” aprovou a implementação do programa internacional de criação de materiais com capacidade de autorrecuperação baseados na tecnologia inovadora apresentada pela MISIS na plataforma tecnológica que será usada em projetos na Mongólia, no Cazaquistão, na Malásia e em outros países da Nova Rota da Seda.
Uma série de empresas da Alemanha, Áustria, China, Hong Kong, Malásia já manifestaram o seu apoio ao programa. São, nomeadamente, as corporações AECOM, ASFinag, Banco Asiático de Desenvolvimento, Tianjin Hi-Tech Environment Development Co., a Universidade TONGJI (Xangai) e outras.
A Nova Rota de Seda, conceito também conhecido como “Um Cinturão, uma Rota” prevê a criação de uma infraestrutura e a manutenção de boas relações entre os países da Eurásia. Duas direções de desenvolvimento são destacadas: o cinturão econômico da “Rota da Seda” e a “Rota da Seda” marítima.
São corredores comerciais que facilitarão o fornecimento direto de mercadorias do Oriente para o Ocidente com condições vantajosas. Estes corredores econômicos deverão unir a região Ásia-Pacífico, no Leste, com os países europeus desenvolvidos.
Para isso, será construída uma rede de rodovias, portos, pontes e outras infraestruturas, bem como criadas zonas de comércio livre.
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