São produtoras de mel, cumprem um serviço ecológico essencial polinizando a maioria das plantas que nos servem de alimento e, como se não fosse o bastante, são capazes de entender o conceito do zero.
A capacidade das abelhas para entender a falta absoluta de quantidade foi descoberta por pesquisadores da Universidade RMIT de Melbourne, na Austrália, que apresentaram recentemente o resultado dos seus estudos na conferência Behaviour 2017, que se realizou recentemente no Estoril, em Portugal.
A ideia do algarismo zero é difícil de entender até para os humanos: os pequenos parecem ter dificuldade para isso e só o aprendem depois de outros números.
No reino animal, a compreensão desse conceito também não é comum. Mas, enquanto os macacos e os chipanzés, por exemplo, podem chegar a aprendê-lo, o surpreendente é que as abelhas, que têm um cérebro tão pequeno, também o consigam. Aliás, elas são os primeiros invertebrados que demonstraram ter essa curiosa habilidade.
Para testar essa capacidade, os pesquisadores usaram abelhas melíferas, ou seja, que produzem mel. Eles criaram duas plataformas nas quais colocaram entre um e quatro objetos iguais.
E, como as abelhas aprendem mais rápido não só quando são premiadas por fazer o certo, mas também quando são castigadas por errar, elas ganhavam como recompensa uma substância doce quando voavam até a plataforma com menos objetos – e recebiam uma solução de sabor desagradável quando escolhiam a mais cheia.
Então, quando tinham que decidir entre uma com poucos objetos e outra com nenhum objeto, elas escolhiam a de zero objetos.
Em uma segunda etapa, os cientistas repetiram o mesmo experimento, mas variando o número de objetos. Elas continuaram escolhendo a plataforma sem objetos, mas cometiam mais erros e demoravam mais quando tinham que escolher entre essa e uma plataforma com um objeto e outra com seis.
Segundo os pesquisadores, o fato de que a diferença de quantidade afeta a capacidade para resolver o problema mostra que as abelhas entendem que o zero é um número. Por que ou como elas fazem isso ainda é um mistério.
“Ainda temos que descobrir algumas coisas sobre as razões que permitem que elas façam isso”, disse Scarlett Howard, coautora da pesquisa, à revista New Scientist.
// BBC