Os embriões da Terra e Marte eram tão quentes que a sua atmosfera vaporosa – de silício e metais – era constantemente evaporada ao espaço, fazendo com que os futuros planetas perdessem quase 40% de sua massa, declaram cientistas em artigos publicados na revista Nature.
“Antes, sabíamos que o processo de formação dos planetas era muito tempestuoso, e que a Terra e outros planetas possuem uma composição química e isotópica incomparável a asteroides, mas não sabíamos que estas duas coisas estavam ligadas“, explica o pesquisador Remco Hin, da Universidade de Bristol, no Reino Unido.
“De certo, a colisão dos embriões dos planetas e a sua vaporação ao espaço causaram grande impacto na composição da Terra e de Marte”, acrescenta.
Hoje em dia, os cientistas quase não têm dúvidas de que os planetas começam a nascer dentro de discos de gás e poeira, cheios de pequenas partículas de poeira e massas densas de gás, e a sua formação é concluída depois de uma série de colisões entre planetesimales – “embriões” de planetas do tamanho de Vesta ou Ceres – asteroides.
Por outro lado, por enquanto, não temos informação precisa da aparência dos embriões desses planetas e como aconteciam as coalisões entre eles. Alguns cientistas creem que planetesimales pareciam com esferas gigantescas ardentes de magma fundido, outros opinam que pareciam mais com bolas enormes de sujeira semilíquida.
Estas divergências, nota Hin no artigo publicado na revista Nature, em muitos aspectos estão ligadas ao fato de que até as mais velhas e “limpas” espécies de Marte, Terra e Lua diferem radicalmente da composição química e isotópica da matéria original do Sistema Solar, cujos fragmentos de vez em quando caem na Terra como asteroides.
Por enquanto, os astrônomos não podem explicar estas divergências, o que impede à revelação do segredo sobre a formação da Terra e planetas fora do Sistema Solar.
A equipe de Hin e um grupo de cientistas da Oxford chegaram muito perto de encontrar resposta para esse enigma ao criar a primeira “simulação” computadorizada detalhada do Sistema Solar original, que leva em consideração todos os processos físicos possíveis que influenciavam a formação e colisão dos planetas.
Os cálculos revelaram um efeito interessante, nunca antes imaginado. Foi descoberto que os embriões de planetas bastante pequenos, menores do que Marte, teriam uma atmosfera “instável” composta por vapor de silício, sódio, outros metais e substâncias químicas.
Essa atmosfera seria constantemente aquecida pela queda de outros corpos celestes em “embriões” semelhantes, evaporando-se ao espaço incessantemente, pois a gravidade dos planetesimales seria muito fraca para reter um “ar” tão quente perto de sua superfície.
As leis físicas podem ser aplicadas a partir deste momento: quanto menor é a massa de um elemento ou seu isótopo, mais facilmente ele pode escapar da atmosfera do planeta. Sendo assim, magnésio, silício e outras substâncias bastante leves teriam se evaporado mais ligeiramente da atmosfera dos futuros planetas Terra e Marte.
Astrônomos estimam que ambos os planetas possam ter perdido cerca de 40% de sua massa e tenham sido privados da maior parte das partículas volantes e isótopos leves – magnésio e outros metais – presentes em grande quantidade em asteroides e cometas.
De acordo com os cientistas, planetas fora do Sistema Solar podem estar sendo formados, e as observações de sua formação poderiam ajudar a verificar se a teoria proposta é verdadeira ou não.
// Sputnik News