O juiz Marcelo Martínez de Giorgi intimou 49 pessoas suspeitas de envolvimento no esquema de desvios da construtora Odebrecht na Argentina.
Na relação, estão dois ex-assessores do governo de Cristina Kirchner (2007-2015) – os ex-ministros Julio de Vido e José López – e Angelo Cacaterra, primo do atual presidente, Mauricio Macri. Eles são investigados por irregularidades em obras ligadas à empreiteira.
No processo, que estuda o suposto pagamento de propina por parte de empresas a funcionários públicos para a concessão das obras para a modernização da Ferrovia Sarmiento de Buenos Aires, também foram intimados empresários argentinos e brasileiros.
Os depoimentos começarão no dia 6 de junho. O ex-ministro De Vido, processado por suposto favorecimento à Odebrecht em contratos para ampliação de dois gasodutos, será o primeiro a prestar esclarecimentos. A previsão é estender os depoimentos até outubro.
Na decisão, o juiz Giorgi afirma que há provas que “permitem sustentar o estado de suspeita instaurado em torno dos fatos ocorridos em relação ao processo licitatório em questão, que estão vinculados de maneira direta com os pagamentos efetuados por parte das empresas” a funcionários públicos.
Calcaterra, primo de Macri, foi dono da construtora Iecsa e, em março do ano passado, fechou um acordo para a venda da companhia ao empresário Marcelo Mindlin. O projeto da Ferrovia Sarmiento está sendo investigado pela Justiça argentina desde que, no início do ano passado, o jornal La Nación divulgou informações sobre supostas transferências que ocorreram menos de um mês depois do início das obras.
Em dezembro de 2016, a Odebrecht admitiu ter pagado cerca de US$ 35 milhões em propinas na Argentina.