Muitas negociações e supresas marcaram a cúpula do G7 de Biarritz, no sudoeste da França, neste domingo (25). O segundo dia do encontro começou com um acordo consensual para ajudar a Amazônia, mas a questão iraniana, um dos temas principais da cúpula, revelou as divergências entre os líderes das grandes potências econômicas.
O ministro das relações exteriores iraniano chegou inesperadamente na tarde deste domingo a Biarritz. Mohamad Javad Zarif desembarcou na cidade balnearia francesa, depois que o presidente francês pensou ter conseguido convencer os parceiros do G7, inclusive Donald Trump, a nomeá-lo para negociar com o Irã e evitar uma escalada dos conflitos na região. Macron quer que Teerã volte a respeitar os compromissos do acordo internacional e pare de enriquecer urânio, em troca de uma redução das sanções americanas contra o país.
O presidente francês achou que podia anunciar um acordo em nome dos sete líderes, mas Trump que abandonou o acordo nuclear iraniano e voltou a impor sanções ao pais a partir de 2018, disse que “não discutiu nada disso”. O presidente americano ressaltou que os Estados Unidos vão seguir seu próprio caminho nessa questão.
Paris garante que preveniu os parceiros do G7 da visita, mas um funcionário da Casa Branca disse que a chegada de Zarif surpreendeu Trump. O chanceler iraniano se encontrou com o chefe da diplomacia francesa, Jean-Yves Le Drian, e com o presidente Emmanuel Macron. Ele já deixou Biarritz. França e Irã disseram que as discussões foram positivas e vão continuar”.
Guerra comercial
Trump também decepcionou os parceiros do G7 na questão comercial, outro tema importante da cúpula. O presidente americano não deu sinais de que quer acalmar a guerra comercial com a China. Ao contrário. Ele lamentou neste domingo não ter aumentado ainda mais tarifas sobre produtos chineses. A tensão com Pequim fragiliza a economia mundial, que dá sinais de desaceleração.
O presidente americano também anunciou em Biarritz a conclusão de um acordo comercial de princípio com o Japão. O primeiro ministro japonês, Shinzo Abe, que também participa do G7, confirmou a informação.
Amazônia
Macron anunciou nesta manhã um acordo para “ajudar “o mais rápido possível” os países atingidos” pelos incêndios na Amazônia. O presidente francês ressaltou que o objetivo é chegar a um consenso sobre uma ajuda financeira para os países sul-americanos para combater o desmatamento e promover o reflorestamento.
Macron salientou a necessidade de recuperar as áreas afetadas, apesar dos desafios que a questão coloca em termos de soberania nacional, “que é perfeitamente legitima”, segundo ele. Os diálogos nesse sentido vão continuar na cúpula, que se encerra nesta segunda-feira (26).
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais do Brasil, entre quinta e sexta-feira foram registrados um total de 1.663 incêndios no país.
// RFI