Líderes dos 27 Estados-membros da União Europeia chegam a acordo para fundo de recuperação da economia depois da crise do novo coronavírus. Mas ainda falta acertar o valor e como ele vai funcionar.
Os líderes dos 27 Estados-membros da União Europeia (UE) acertaram nesta quinta-feira (23/04) a criação de um fundo de emergência para ajudar na recuperação da economia do bloco, atingida pela crise provocada pela pandemia de covid-19.
O valor do fundo não foi definido, mas ele deverá superar 1 trilhão de euros. Outra divergência entre os líderes europeus está na forma como o fundo será distribuído, com uns defendendo transferências, ou subvenções, e outros, empréstimos.
A Comissão Europeia foi encarregada de elaborar os detalhes e formular uma proposta para o fundo, que deverá ser incluindo no orçamento da União Europeia.
“Esse fundo deve ser de magnitude suficiente para enfrentar a extensão da crise e orientado para os setores e partes geográficas da Europa mais afetadas. Encarregamos a Comissão de analisar as necessidades exatas e de apresentar em caráter de urgência uma proposta ao desafio que enfrentamos”, anunciou o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.
“Se tudo se concretizar, será seguramente uma bazuca“, declarou o primeiro-ministro de Portugal, António Costa, em São Bento, no final da reunião do Conselho Europeu, que se realizou por videoconferência.
Os líderes também endossaram um acordo anterior, negociado entre os ministros europeus das Finanças, sobre um pacote de 540 bilhões de euros para apoiar países, empresas e trabalhadores durante a pandemia de coronavírus.
O pacote de medidas adotadas consiste em três pilares: uma linha de crédito do Mecanismo de Estabilidade Europeu, o fundo de resgate da zona do euro, com 240 bilhões de euros em empréstimos; um fundo de garantia do Banco Europeu de Investimento com até 200 bilhões de euros em créditos para empresas; e um fundo temporário com 100 bilhões de euros para ajudar no pagamento de salários de trabalhadores e evitar demissões.
A decisão foi tomada em uma videoconferência de quatro horas de duração, pois a sede da UE em Bruxelas está fechada em razão das medidas de quarentena, na qual também foi discutida o orçamento do bloco para o período 2021-2027, que deverá incluir o fundo de recuperação.
Após a reunião, o primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, afirmou que “grandes progressos” foram feitos. Já o presidente da França, Emmanuel Macron, disse que as diferenças ainda não foram resolvidas, como se o dinheiro do pacote de ajuda deve ser transferido como empréstimo ou na forma de subvenção.
A Europa se prepara para os graves efeitos econômicos gerados pela pandemia de covid-19, que resultou no fechamento dos negócios e das fronteiras e envolveu alguns Estados-membros em disputas por equipamentos médicos.
A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, afirmou aos líderes do bloco que os cortes na produção econômica do bloco devem ser de entre 5% e 15%. Está prevista uma contração de 5,4% no crescimento na zona do euro em 2020, o que, se confirmado, fará com que este se torne o pior ano desde a introdução da moeda comum, em 1999.
Esse prognóstico é até otimista diante do feito pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que previu um encolhimento de 7,5% no crescimento econômico da UE.