Um novo estudo feito com vovôs, na Alemanha, mostra que pessoas que cuidam de crianças tem mais longevidade, ou seja, chegam a viver 10 anos a mais.
Os resultados da pesquisa, feita em Berlim, mostram que as pessoas que conviveram com netos e cuidaram deles tiveram redução de 37% o risco de mortalidade.
Metade do grupo de avós viveu por 10 anos depois do início da pesquisa. No grupo oposto, 50% deles só chegou a sobreviver mais 5 anos.
O autor do estudo, Ralph Hertwig, é diretor do Centro de Racionalidade Adaptativa do Instituto Max Planck para o Desenvolvimento Humano de Berlim.
Idosos sem netos
Entre os idosos que não tinham netos, os cientistas fizeram uma segunda análise. Dessa vez, dividiram os velhinhos entre aqueles que ajudavam os filhos – seja com suporte emocional, seja nas tarefas de casa – e aqueles que não tinham esse hábito (ou não tinham filhos).
Novamente, viram uma média de sobrevida 5 anos maior do que entre os idosos que não mantinham esse laço. Mas quem não tem filhos ou netos, está destinado a morrer mais cedo? Os pesquisadores acham que não é bem assim.
Na terceira etapa do estudo, os pesquisadores se dedicaram exclusivamente a esse grupo de idosos – e perceberam que muitos deles se propunham a ajudar e apoiar amigos e vizinhos, criando um outro tipo de comunidade.
Nesse caso, a sobrevida média foi de sete anos, em contraste com 4 anos entre os idosos que não mantinham essa relação colaborativa com os filhos.
A pesquisa
Os pesquisadores da universidade de Berlin analisaram durante 19 anos a vida de 500 pessoas, entre 70 e 103 anos de idade, que foram acompanhadas pelo Estudo de Envelhecimento de Berlin.
A pesquisa analisou, em primeiro lugar, qual era a diferença na taxa de mortalidade entre os avós que ajudavam a cuidar dos netos, participando da educação deles, e dos avós que não tinham netos ou não conviviam com eles.
O estudo não considerou avós que têm a custódia das crianças e são os principais responsáveis por elas – a ideia era focar na figura dos avós como figuras de suporte das pais das crianças.
Conclusão
O ser humano não pode parar de trabalhar, de produzir, de ser útil. Os pesquisadores acreditam que conviver com a família – e ter responsabilidades dentro dela – ajuda os idosos física e psicologicamente, mas a teoria vai muito além disso.
Os pesquisadores também acham que os resultados do estudo sustentam uma teoria evolutiva chamada Hipótese da Vovó, que tenta explicar porque os seres humanos vivem tanto tempo depois de sua fase fértil acabar.
Isso não é muito comum na natureza porque, evolutivamente falando, nossa função é a reprodução e a manutenção da espécie.
A pesquisa foi publicada pelo jornal Evolution and Human Behavior.