Uso prolongado de máscaras de proteção não causa hipóxia

Simone Venezia / EPA

Entre as medidas de combate à disseminação do novo coronavírus, autoridades do Brasil e outros países têm recomendado o uso de máscaras.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o uso de máscaras de tecido pelo público em geral onde há muitas pessoas infectadas e não é possível manter o distanciamento físico, como meios de transporte público, lojas e outros ambientes fechados. No Brasil, diversos estados e municípios determinaram a obrigatoriedade do uso de máscaras em locais públicos para diminuir a disseminação da Covid-19.

Publicações em redes sociais alegam que o uso prolongado das máscaras de proteção causam hipóxia, falta de oxigênio sobre um tecido do organismo (baixa disponibilidade de oxigênio para determinado órgão), ou hipoxemia, que é a baixa concentração de oxigênio no sangue arterial. Mas os especialistas defendem que as máscaras não impedem a passagem de oxigênio.

As alegações não se sustentam porque tanto as máscaras cirúrgicas quanto as de tecido são porosas, permitindo que o ar atravesse o material. No entanto, elas dificultam a passagem de gotículas. Assim, as máscaras funcionam como uma barreira mecânica, que pode provocar a sensação de que é preciso maior esforço para respirar ou de que menos ar é inalado, mas os níveis de oxigênio não são afetados.

Pessoas saudáveis não devem ter problemas

Já o excesso de dióxido de carbono no sangue é chamado de hipercapnia e pode provocar dor de cabeça, sonolência e até perda de consciência em casos extremos. Ela pode ter muitas causas, entre as quais estão doença pulmonar obstrutiva crônica e apneia do sono. Mas não há evidências de que a máscara de proteção poderia evitar que o ar exalado se dissipasse, levando a pessoa a inalar novamente o mesmo ar.

Mesmo que isso ocorra de forma parcial, para a maioria das pessoas não é preocupante respirar pequenas quantidades de dióxido de carbono devido ao uso das máscaras. Inclusive trabalhadores que usam máscaras cirúrgicas ou de tecido por um turno inteiro, não deveriam ter problemas relacionados à retenção de dióxido de carbono.

A quantidade de dióxido de carbono respirada novamente deve ser eliminada pelos sistemas respiratório e metabólico de pessoas saudáveis. O uso da máscara por período prolongado pode causar dor de cabeça, mas não intoxicação.

Darrell Spurlock Jr, pesquisador e professor da Universidade de Widener, considera que pessoas com doenças respiratórias crônicas específicas devem checar com seus médicos antes de usar a máscara de proteção. Quem já tem dificuldade para manter a oxigenação e equilíbrio de dióxido de carbono, pode ser mais sensíveis a esses níveis. Além disso, o uso de máscara não é recomendado para crianças com menos de dois anos.

O uso da máscara N95 por profissionais da saúde por períodos prolongados foi associado à hipoventilação, redução de frequência e profundidade da respiração. Como essas máscaras apresentam maior resistência para a respiração, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos recomenda intervalos para os trabalhadores da saúde que precisam usá-las.

Uso de máscaras

Autoridades de saúde recomendam o uso das máscaras de pano para a população em geral para deixar as mascaras cirúrgicas para quem precisa delas. A Organização Mundial da Saúde considera que apenas o uso de máscara não é suficiente para a proteção contra a Covid-19, por isso precisa ser aliada a outras medias de proteção.

Ainda de acordo com a organização, as evidências sobre a eficácia das máscaras de tecido são limitadas. Mas aconselha os governos a incentivarem seu uso pela população em geral em lugares onde o distanciamento físico não é possível. As máscaras cirúrgicas devem ser utilizadas por trabalhadores da saúde, pessoas com sintomas de Covid-19, pessoas que cuidam de casos suspeitos ou confirmados de Covid-19, pessoas com mais de 60 anos ou com comorbidades de base.

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