Votos brancos, nulos e abstenções “venceriam” 1º turno em nove capitais

jeso.carneiro / Flickr

João Dória Jr. (PSDB), eleito para a Prefeitura de São Paulo nas eleições municipais de 2016

João Dória Jr. (PSDB), eleito para a Prefeitura de São Paulo nas eleições municipais de 2016

Em nove capitais, o número de votos brancos, nulos e de eleitores que não compareceram foi maior do que do candidato que ficou em primeiro lugar. A situação aconteceu nos dois maiores colégios eleitorais do país.

Além de São Paulo e Rio de Janeiro, Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS), Curitiba (PR), Belém (PA), Cuiabá (MT), Campo Grande (MS) e Aracaju (SE) também tiveram mais votos inválidos do que o primeiro colocado nas eleições.

Alargando a contagem, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral, a soma de votos nulos, brancos e abstenções superou o primeiro ou segundo colocado na disputa para prefeito em 22 capitais.

No Rio de Janeiro e em Belo Horizonte, esta soma de nulos, brancos e abstenções chegou a superar os votos obtidos pelos dois primeiros colocados, juntos.

Em Rio Branco (AC), Vitória (ES), João Pessoa (PB), Teresina (PI) e Manaus (AM), a soma de abstenções, nulos e brancos ocuparia o terceiro lugar na eleição para prefeito.

Rio de Janeiro e São Paulo

 

Em São Paulo, João Dória (PSDB) ganhou a eleição no 1º turno com 3.085.187 votos (53,4%), um número menor do que a soma de votos brancos e nulos e ausências: 3.096.304.

Esta é a primeira vez que um candidato é eleito prefeito de São Paulo no primeiro turno desde 1992, quando as eleições passaram a ter dois turnos. O atual prefeito, Fernando Haddad (PT), ficou em segundo, com 16,68%.

João Dória fez seu discurso da vitória e sua entrevista coletiva sempre ao lado do governador do estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, apoiando uma eventual candidatura em 2018 do governador à presidência da República.

“Dependerá muito de nós, de vocês, povo de São Paulo, dos brasileiros, de todos os rincões desse país. Se ele for candidato a presidência da República, ele terá o apoio do povo brasileiro pela sua trajetória e sua biografia”, disse.

No Rio de Janeiro, onde praticamente um em cada quatro eleitores não votou, a situação também se repetiu.

Mesmo que fossem somados os votos dos dois candidatos que passaram para o 2º Turno – o senador Marcelo Crivella (PRB) e o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) -, o número ainda é menor do que votos inválidos e ausências.

O total de brancos, nulos e abstenções no Rio é 1.866.621. Marcelo Crivella (842.201) e Marcelo Freixo (553.424) somam 1.395.625 votos.

Apenas uma mulher eleita em capitais

O primeiro turno das eleições municipais terminou com apenas uma mulher eleita como prefeita de uma capital – reeleita, no caso.

Nas eleições municipais deste domingo, 36 mulheres tentaram se eleger prefeita nas capitais brasileiras. E, assim como em 2012, apenas uma candidata venceu no 1º turno.

Em Boa Vista (RR), Teresa Surita (PMDB) garantiu a reeleição com uma vitória esmagadora. Ela teve 79,45% do total de votos válidos.

Duas candidatas ainda vão disputar o 2º turno no dia 30 de outubro. Em Campo Grande (MS), Rose Modesto (PSDB) enfrenta Marquinhos Trad (PSD) na nova disputa. Já em Florianópolis (SC), Angela Amin (PP) vai disputar a prefeitura com Gean Loureiro (PMDB). Nos dois casos, as mulheres ficaram em 2º lugar e vão ter que virar o jogo.

Os números nas urnas mostram que a disparidade entre homens e mulheres nas capitais foi grande neste domingo. Entre os candidatos que foram ao segundo turno, duas são mulheres e 34 são homens. Se calcularmos pelo total de candidatos, 2,77% das mulheres se elegeram e 5,55% foram ao 2º turno. Entre os homens, 4,14% dos candidatos foram eleitos e 20,11% estão no 2º turno. Do total de 205 candidatos, 169 são homens.

Segundo o TSE, houve mais de 50 municípios onde só concorreram mulheres ao cargo de prefeita. Porém, no total de 5.570 municípios brasileiros, é um percentual baixíssimo comparado com os 3.815 municípios onde apenas concorreram homens.

Abstenção

No Rio e em São Paulo, além das votações em si, outro dado chamou a atenção: o grande número de pessoas que não foram às urnas.

A Justiça Eleitoral registrou no primeiro turno das eleições municipais de 2016, neste domingo (2), abstenção de aproximadamente 17,58% do eleitorado.

O número corresponde a 25.073.027 eleitores que deixaram de comparecer às urnas. O total de eleitores aptos a votar foi de 144 milhões.

O menor índice de abstenções entre as capitais foi registrado em Manaus: 8,59%. Já o maior índice de pessoas que deixaram de votar em todo o país foi registrado no Rio de Janeiro (24,28%).

Na avaliação do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes, o índice de abstenção registrado no pleito deste ano é baixo em relação às eleições presidenciais de 2014, quando a ausência foi de cerca de 20% dos eleitores. Nas eleições municipais de 2012, 16,41% do eleitorado não votou.

Durante coletiva para divulgar à imprensa o balanço final dos dados sobre o primeiro turno, Mendes considerou que os dados sobre votos brancos e nulos não são relevantes, por não indicaram mudanças no comportamento do eleitor em relação às votações anteriores. Segundo o presidente, a preferência do eleitor por votar em branco e mais um “voto de desinformação do que de protesto”.

Em São Paulo, por exemplo, foram registrados 5,29% (367.471) de votos em branco e 11,35% de votos nulos (788.379). No Rio de Janeiro, foram contabilizados 5,50% (367.471) de votos em branco e de 12,76 % votos nulos (473.324). As duas cidades têm os dois maiores colégios eleitorais do país.

 

AF, Ciberia / ABr / BBC

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