O chanceler do México, Luis Videgaray, pediu nesta sexta-feira um “exame de consciência” às empresas mexicanas que querem participar da construção do muro na fronteira com os Estados Unidos, impulsionado pelo presidente Donald Trump.
“É pertinente que quem veja neste fato uma oportunidade econômica faça um exame de consciência, porque aqui não estamos falando de uma oportunidade econômica, mas de um ato profundamente hostil”, disse Videgaray em entrevista coletiva conjunta com o ministro das Relações Exteriores espanhol, Alfonso Dastis.
Videgaray ressaltou que no México se respeita a “liberdade econômica” e os direitos de “empresas e pessoas”, mas isso não exime as companhias de “escutar” o senso geral em temáticas como a polêmica construção de um muro ao longo de toda a fronteira comum com os EUA.
O titular da Secretaria de Relações Exteriores (SRE) explicou que participar ou não neste projeto, uma das principais promessas de campanha de Trump, é uma responsabilidade individual em um país de liberdades como o México.
“Compete a cada mexicano, a cada empresa mexicana, olhar-se no espelho e fazer um exame de consciência sobre que é o correto”, reforçou.
“Mas a opinião da imensa maioria dos mexicanos aponta na direção correta e é o que devem escutar os que tomam decisões nesta matéria”, opinou ao falar deste muro que, apesar de ser um “direito soberano” dos EUA, é “profundamente hostil”.
Dentro do plano orçamentário do governo dos EUA anunciado esta semana, o Departamento de Segurança Nacional pedirá US$ 1,5 bilhão em 2017 para começar as obras de construção, e US$ 2,6 bilhões adicionais para o próximo ano.
Na sua vez de falar, o chefe da diplomacia espanhola disse não ter conhecimento de que alguma empresa espanhola esteja interessada em construir o muro.
“Mas, se houver, examinaremos a situação”, completou Dastis, que esteve em visita ao México até ontem e se reuniu com o presidente Enrique Peña Nieto, o ministro da Economia, Ildefonso Guajardo, e empresários espanhóis, entre outros.
De qualquer forma, para o ministro espanhol, um muro não é a “melhor maneira” de tramitar a migração “entre dois países vizinhos”.
// EFE