As centrais sindicais confirmaram que irão promover uma ocupação em Brasília, neste mês, contra as “reformas” da Previdência e trabalhista. E, a depender do andamento das propostas no Congresso, sinalizam com nova greve geral, “mais forte” do que a realizada na última sexta-feira (28). “O momento decisivo é o mês de maio”, disse o secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre.
“É o momento de a sociedade brasileira ocupar Brasília”, acrescentou, durante reunião na tarde de ontem (4) na sede da entidade, no bairro do Brás, região central de São Paulo, com dirigentes de outras oito centrais e representantes de movimentos sociais.
Todos afirmaram que é preciso dar “continuidade” ao movimento de 28 de abril.
Por unanimidade, as nove centrais aprovaram calendário que prevê atividades na capital federal já na próxima semana, com sindicalistas procurando os parlamentares.
A ocupação deverá ocorrer entre os dias 15 e 19, conforme a tramitação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287, da Previdência, na Câmara, e do Projeto de Lei (PLC) 38, trabalhista, no Senado. “Se a marcha das reformas continuar como está, o passo seguinte é uma nova grande greve“, afirmou Sérgio Nobre.
O presidente da UGT, Ricardo Patah, aposta em novo cenário após as mobilizações da greve geral. “Diferente do que o governo achava que iria ocorrer, não só foi muito forte como a sociedade apoiou”, avaliou.
“Nosso foco agora é Brasília“, reforçou o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna.
“Esse trabalho que estamos fazendo aqui está em consonância com nossos parlamentares”, afirmou, acreditando em resultado favorável, apesar da minoria oposicionista no Congresso. Ele também enfatizou a importância da greve geral, “nacional, com participação da maioria das categorias e unitária”.
“Essa unidade, que é a coisa mais importante da classe operária, está nos permitindo virar o jogo”, comentou o presidente da CGTB, Ubiraci Dantas de Oliveira.
Esse é um ponto com certa divergência entre as centrais – algumas querem simplesmente a retirada da PEC e do projeto de lei, enquanto outras acreditam ser mais realista brigar por emendas nos textos. “O que nos unifica é ‘nenhum direito a menos'”, disse o secretário-geral da CUT.
Da mesma forma, parte dos dirigentes defende mais ênfase no indicativo de greve geral, que deve ser discutido e anunciado em Brasília. “O movimento sindical passa a acumular força. A agenda regressiva em curso vai exigir muita cautela e organização de nossa parte. A greve geral não será obra do acaso, precisa ser construída”, ponderou o presidente da CTB, Adilson Araújo.
Ele observou que, apesar dos avanços na mobilização, o cenário ainda é de dificuldade. “O governo tem baixa popularidade, mas ainda tem voto”, disse.
Para o secretário-geral da Intersindical, Edson Carneiro, o Índio, o andamento das votações no Congresso tende a aumentar o grau de descontentamento da população. “A questão da aposentadoria pesou, as pessoas compreendem”, afirmou.
“Não podemos deixar arrefecer”, acrescentou o presidente da Nova Central em São Paulo, Luiz Gonçalves, o Luizinho. Segundo ele, a greve do dia 28 também mostrou força fora dos grandes centros urbanos. “A luta se interiorizou, mostrou a grande capilaridade que o movimento sindical conquistou com essa mobilização”, concluiu.