Diretores do grupo JBS revelaram em delações premiadas que pagaram US$ 80 milhões em propinas, em valores somados, às campanhas eleitorais dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, segundo documentos divulgados nesta sexta-feira pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Lula e Dilma, que já respondem na Justiça por outros processos no âmbito da operação Lava Jato, foram acusados nas delações da JBS de terem facilitado à empresa o acesso a créditos multimilionários do BNDES em troca de propinas pagas desde 2005.
Segundo essas delações, o intermediário das negociações era Guido Mantega, que foi ministro da Fazenda nos governos de ambos e que também foi acusado de exercer o mesmo papel pela Odebrecht, beneficiária de contratos com a Petrobras.
De acordo com os documentos revelados pelo Supremo Tribunal Federal, um dos donos da JBS, Joesley Batista, e Ricardo Saud, ex-diretor de Relações Institucionais do grupo, disseram que as propinas pactuadas com Mantega chegaram a US$ 80 milhões.
Dessas propinas, US$ 50 milhões eram “vantagens indevidas” para Lula e US$ 30 milhões para serem usados na campanha de Dilma à presidência em 2010. Os valores foram depositados em diversas contas bancárias abertas no exterior.
Em troca, a JBS se beneficiava de créditos do Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que é investigado por supostas irregularidades relacionadas com o escândalo de corrupção descoberto há três anos na Petrobras.
Segundo os documentos divulgados, Joesley explicou que havia “semelhanças” entre sua forma de operar com o BNDES e as práticas na Petrobras pelas quais empresas privadas obtinham contratos de obras públicas em troca de volumosas propinas a políticos e ex-diretores da estatal.
Em um dos trechos da delação, que tem mais de 2 mil páginas, Joesley disse à Justiça que várias vezes perguntou a Mantega se Lula e Dilma estavam a par de todas as negociações e que o ex-ministro sempre confirmou que sim.
Estas novas revelações podem complicar ainda mais a situação jurídica de Lula, que já responde como réu em cinco processos penais vinculados, em sua maioria, a fatos de corrupção associados ao escândalo na Petrobras.
Dilma, por sua vez, é alvo de um processo penal por supostas tentativas de impedir a ação da Justiça em casos relacionados com a mesma trama de corrupção na estatal.
// EFE