Se, como diz o Paradoxo de Fermi, o Universo é um espaço vasto e cheio de planetas potencialmente habitáveis, então onde estão os alienígenas?
Na mais recente tentativa de resolver o enigma, uma equipe de pesquisadores sugere que as civilizações alienígenas avançadas estariam em “hibernação”, à espera de um futuro em que o Universo esteja muito mais frio do que agora.
Segundo um novo estudo, publicado pelo neurocientista Anders Sandberg e pelo perito em Inteligência Artificial Stuart Armstrong, da Universidade de Oxford, em conjunto com com o astrônomo Milan Ćirković, do Observatório Astronômico de Belgrado, na Sérvia, civilizações muito avançadas já podem ter explorado uma grande parte do Universo.
Essas civilizações, dizem os cientistas, poderiam estar agora “adormecidas”, à espera de uma época melhor para acordar. Estão à espera que o Universo se esfrie.
“Neste momento, a radiação de fundo cósmico torna quase tudo no Universo mais quente do que 3 graus Kelvin (-270.15 ℃), mas à medida que o Universo se expande, essa temperatura diminuirá exponencialmente”, dizem Sandberg e Ćirković no seu blog.
Não há forma de “provar” esta ideia, e os pesquisadores admitem que as razões mais prováveis por não termos conseguido encontrar extraterrestres até agora é que eles não existem ou estão muito longe. “Mas se não testarmos todas as hipóteses, não estamos fazendo ciência”, dizem os autores do estudo.
“A ideia de que os extraterrestres estão hibernados nos ajuda a excluir algumas das possibilidades sugeridas pelo Paradoxo de Fermi“, a aparente contradição entre as altas estimativas de probabilidade de existência de civilizações extraterrestres e a falta de provas de que existam – ou qualquer contato com – tais civilizações.
Com estas premissas, os cientistas avançaram para a sua Aestivation Hypothesis, a ideia de que as civilizações extraterrestres mais avançadas possam estar em torpor ou hibernação prolongada.
Esta “Hipótese da Estivação” se baseia no pressuposto de que quanto mais avançada uma sociedade se torna, tanto cultural como tecnologicamente, mais provável será a sua transição de forma de vida biológica para uma forma totalmente baseada em máquinas.
“Se nós próprios, os seres humanos, já estamos começando a incorporar máquinas em partes do corpo e construir dispositivos biônicos que podem combinar um cérebro vivo com inteligência artificial, o que civilizações com milhares – ou mesmo milhões – de anos não teriam já alcançado?”, questionam os autores da hipótese.
Assim, civilizações mais avançadas teriam descoberto forma de abandonar os corpos biológicos ineficientes e propensos à morte, e transferir suas mentes para uma máquina, tornando o poder de processamento o recurso mais precioso de todos.
O próprio fundador da Tesla e da SpaceX, Elon Musk, defende que isso já aconteceu, e que vivemos em uma espécie de holograma, uma ilusão ao estilo do filme Matrix.
A Hipótese da Estivação argumenta que, se a capacidade de processamento computacional – a energia – é o único recurso que sustenta tais civilizações, as condições ambientais adequadas são cruciais para seu avanço como civilização.
“Há um custo termodinâmico para executar o processamento de informação, que dependente da temperatura. Em teoria, o processamento torna-se 10 vezes mais eficiente se o seu computador estiver 10 vezes mais frio, em graus Kelvin”, explicam Sandberg e Ćirković.
Dessa forma, os alienígenas pós-biológicos poderiam ter considerado se colocar em “modo de suspensão” para ignorar as condições atuais “mais quentes” do Universo, à espera que ele se expanda e esfrie.
“Imagine que tem uma carteira com um número limitado de notas e depois do Natal começa a comprar roupas todos os dias. Cada dia que passa os saldos tornam as roupas mais baratas”, exemplifica Sandberg na Gizmondo.
“Se quiser comprar a maior quantidade possível de roupa, deve guardar suas notas para a época em que as roupas atinjam o preço mais baixo”, explica.
Porém, nem todos os cientistas estão convencidos com esta teoria. O especialista em astrofísica e ficção científica David Brin, por exemplo, diz que não faz muito sentido renunciar a milhares ou milhões de anos de avanço apenas para acordar muito mais tarde, num futuro mais eficiente em termos energéticos.
Ainda assim, a hipótese de Armstrong, Sandberg e Ćirković é interessante e de certa forma sedutora até para nós, humanos – porque, da forma como as coisas estão no planeta Terra, a ideia de hibernarmos e acordarmos um dia destes em um disco rígido em Marte não parece tão má.
// ZAP