Com o objetivo de investigar organização criminosa acusada de peculato, lavagem de dinheiro e desvios de verbas públicas, a Polícia Federal (PF) em Roraima, em conjunto com a Receita Federal, deflagrou a Operação Anel de Giges, na manhã desta quinta-feira (28).
Estão sendo cumpridos 17 mandados judiciais, sendo nove de busca e apreensão e oito de condução coercitiva (quando a pessoa é levada para a delegacia a fim de prestar depoimento e, em seguida, liberada). Filhos e enteados do líder do governo no Senado e presidente nacional do PMDB, Romero Jucá, são suspeitos de fazer parte da organização.
Segundo a PF, durante a investigação “foi identificado o desvio de R$ 32 milhões dos cofres públicos, tendo como origem o superfaturamento na aquisição da Fazenda Recreio, localizada em Boa Vista, e na construção do empreendimento Vila Jardim, do projeto Minha Casa Minha Vida no bairro Cidade Satélite, na capital de Roraima”.
“Ninguém vai me intimidar”
De acordo com o portal de notícias da Globo, o líder do governo no Senado e presidente nacional do PMDB, Romero Jucá (RR), afirmou em uma breve declaração a jornalistas no Congresso Nacional, que “ninguém” vai intimidá-lo.
“Eu só quero dizer o seguinte, eu vou falar daqui a pouco, mas eu quero deixar algo claro: ninguém vai me intimidar. A partir daí, deduzam. Deduzam, é o que eu tenho a dizer”, afirmou o parlamentar de Roraima.
Depois, em nova entrevista, Jucá falou em “retaliação” de uma juíza de Roraima. “Eu estou pegando as informações. Isso é uma ação da Justiça de Roraima, de uma juíza que está acionada no Conselho Nacional de Justiça, portanto, é uma retaliação. Na hora que eu tiver os dados, vou soltar uma nota”, disse.
Investigações
São investigadas ainda, de acordo com a PF, as transações decorrentes da venda da fazenda para a construção do empreendimento, bem como a fiscalização e aprovação do financiamento pela Caixa Econômica Federal.
Os mandados estão sendo cumpridos em endereços em Boa Vista, Belo Horizonte e Brasília. São apuradas suspeitas de crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa envolvendo a Fazenda Recreio.
Anel de Giges, nome da operação, segundo a PF, é uma referência à citação em um dos livros da obra A República, de Platão, que aborda o tema justiça . “O Anel de Giges permite ao seu portador que fique invisível e cometa ilícitos sem consequências”, de acordo com a PF.
Ciberia // G1 / Agência Brasil