A coordenadora que convenceu o adolescente de 14 anos a parar de atirar contra a turma disse neste domingo (22) ao Fantástico que não teve medo de abordar o aluno no Colégio Goyases, em Goiânia, e pediu calma ao estudante.
De acordo com o portal de notícias da Globo, ao sair da sala junto com ele, Simone Maulaz Elteto revelou que o menino chegou a colocar a arma no corpo dela. Os tiros que ele já havia disparado causaram a morte de dois colegas e deixaram outros quatro feridos.
“Ele ficou com a arma posicionada no meu abdômen, a mão direita eu coloquei no ombro dele e a mão esquerda eu fui empurrando devagar a arma pro fundo da parede, em direção a uma sala que eu sabia que estava sem alunos”, contou Simone ao Fantástico.
De acordo com Simone, ela ouviu o primeiro disparo e correu para ver o que estava acontecendo na sala do 8º ano, que fica no terceiro andar do colégio. “As crianças estavam correndo, descendo as escadas e gritando que o aluno tinha ficado louco e estava atirando em todo mundo”, contou.
Ao chegar à sala, a coordenadora tirou uma aluna de dentro para evitar que fosse alvo de mais tiros. “Eu ouvi primeiro a Marcela. Ela estava ferida. Eu tirei ela da mira, de onde ele pudesse alvejá-la novamente, entreguei ela para a professora e pedi que ligassem pra polícia. Ai fui até a sala, quando eu entrei, vi os alunos João Pedro, João Vitor e Isadora caídos feridos, e muito sangue. E ele [atirador]”, detalhou.
Como desarmou o aluno
Após tirar a estudante ferida da sala, Simone se aproximou do atirador. “Me aproximei dele, não tive medo, coloquei a mão no ombro dele, perguntei: ‘O que houve, tá tudo bem?’ Ele tava um pouco alterado”, contou.
Em seguida, o adolescente atirou novamente. “Ele deu um tiro pra trás da sala, para a parede. Aí eu falei: ‘Fica calmo, me dá a arma, entrega pra mim’. Ele não quis e ele falou quero que chame meu pai. Eu disse: ‘Já chamei seu pai, fique tranquilo, confie em mim, nós vamos resolver isso'”, relatou Simone.
Segundo o delegado Luís Gonzaga, da Delegacia de Polícia de Apuração de Atos Infracionais da Polícia Civil de Goiás, o adolescente autor do ataque disse que foi motivado por bullying e disse que se inspirou nos casos da escola de Columbine (ocorrido em 1999, nos Estados Unidos), e de Realengo (em 2011, no Rio de Janeiro).
No depoimento, dado na tarde de sexta-feira (20), o estudante narrou que tinha intenção de matar apenas o colega autor do bullying contra ele, mas no momento do ataque, sentiu vontade de fazer mais vítimas.
Duas pessoas morreram e quatro ficaram feridas.
Ciberia // Fantástico / G1