Dylan Farrow, filha adotiva de Woody Allen que o acusa de abuso, não entende por que o pai continua trabalhando na indústria cinematográfica.
Em 2014, muito antes do movimento #MeToo ter aparecido, Dylan Farrow, filha adotiva de Woody Allen, revelou que o pai tinha abusado sexualmente dela quando tinha apenas sete anos.
Embora fale em “revolução”, se referindo ao que tem acontecido no mundo do cinema, com o movimento #MeToo, Dylan Farrow diz se tratar de uma “revolução seletiva“, em um artigo de opinião publicado no Los Angeles Times.
Isto porque, passados cerca de quatro anos desde que Farrow denunciou os supostos abusos sexuais que sofreu por parte do cineasta, em uma carta aberta publicada no New York Times, Woody Allen continua assinando contratos, não tendo sido afastado da industria cinematográfica.
Ao contrário do que aconteceu com outros profissionais da área acusados de assédio sexual, o escritor e cineasta continua trabalhando com atrizes e atores de renome. O diretor sempre negou as acusações da filha adotiva, não chegando sequer a ser julgado.
Segundo o Diário de Notícias, Dylan Farrow critica a atitude da maior parte das estrelas de Hollywood por ignorarem os supostos abusos de Woody Allen. “Quando eu tinha sete anos, Woody Allen me levou para o sótão, longe das babás que tinham instruções para nunca me deixarem sozinha com ele”, conta a filha no mais recente artigo.
A filha do cineasta se questiona por que o pai não é afastado da indústria, como Harvey Weinstein ou Kevin Spacey. Em vez de ser afastado, Woody Allen assinou “um acordo multimilionário com a Amazon, com a aprovação de Roy Price, executivo da Amazon Studios”, refere Farrow, agora com 32 anos.
Mas Farrow não fica por aí. Ela destaca, ainda, algumas mulheres que apoiam o movimento #MeToo, mas que, no caso de Woody Allen, preferem não se pronunciar sobre o assunto. É o caso de Blake Lively, que condenou os comportamentos de Weinstein, mas considera “perigoso” falar sobre assuntos dos quais não há fatos, conforme escreve o DN.
“Não é só o poder que permite que homens acusados de abusos sexuais mantenham as carreiras e segredos. É também nossa escolha de ver coisas simples como complicadas e conclusões óbvias como um caso de ‘quem poderia dizer?’. O sistema resultou para Harvey Weinstein durante décadas. Ainda resulta para Woody Allen”, conclui Farrow.
Ciberia // ZAP