Verme minúsculo sobrevive a forças 400 mil vezes mais fortes do que a gravidade

(dr) Steve Gschmeissner

Uma pesquisa recente descobriu um verme minúsculo que consegue sobreviver a forças 400 mil vezes mais fortes do que a gravidade da Terra.

Tiago Pereira e Tiago de Souza, geneticistas da Universidade de São Paulo (USP), colocaram centenas de Caenorhabditis elegans, um nematoide muito usado em estudos biológicos, em uma ultracentrifugadora, aparelho capaz de atingir velocidades de rotação muito elevadas, capazes de gerar uma aceleração milhares de vezes maior do que a gravidade da Terra.

Uma hora depois, os cientistas retiraram os animais, convencidos de que estariam mortos. Mas foram surpreendidos: os vermes se movimentavam livremente como se nada tivesse acontecido.

O verme, com cerca de um milímetro de comprimento, é muito tolerante à aceleração. Enquanto seres humanos perdem a consciência a apenas 4 ou 5 g (sendo que 1 g é a força da gravidade na superfície da Terra), o Caenorhabditis elegans saiu ileso de 400 mil g.

Mais de 96% dos vermes não sobreviveram a esta força de aceleração, não apresentando qualquer alteração física ou comportamental. “A vida tolera muito mais estresse do que pensávamos”, concluiu Pereira.

O surpreendente valor de 400 mil g é um importante marco de referência, uma vez que as rochas experimentaram forças semelhantes quando expelidas de superfícies de planetas para o espaço por erupções vulcânicas ou impactos de asteroides.

Isso significa que qualquer criatura capaz de sobreviver a esta viagem a bordo de uma dessas rochas poderia, teoricamente, semear outro planeta com vida, uma ideia conhecida como “panspermia balística“. Seriam estes animais vermes alienígenas? A resposta a esta pergunta permanece no ar.

Vale, contudo, notar que o teste não reproduz o impacto total de uma viagem interplanetária. Os cientistas esclarecem que demorou cerca de cinco minutos para a ultracentrifugadora chegar às forças gigantescas, enquanto as rochas lançadas de um planeta as alcançariam em apenas um milésimo de segundo.

Além disso, a experiência dos geneticistas brasileiros não replicou outras condições extremas presentes no espaço interestelar. Fatores como a temperatura, vácuo ou radiação cósmica não entraram na equação.

Ainda assim, Pereira destaca que o trabalho é o ponto de partida sobre o qual experiências futuras podem desenvolver uma “maior compreensão dos limites da vida”.

Ciberia // HypeScience / ZAP

COMPARTILHAR

DEIXE UM COMENTÁRIO:

Como é feito o café descafeinado? A bebida é realmente livre de cafeína?

O café é uma das bebidas mais populares do mundo, e seus altos níveis de cafeína estão entre os principais motivos. É um estimulante natural e muito popular que dá energia. No entanto, algumas pessoas preferem …

“Carros elétricos não são a solução para a transição energética”, diz pesquisador

Peter Norton, autor do livro “Autonorama”, questiona marketing das montadoras e a idealização da tecnologia. Em viagem ao Brasil para o lançamento de seu livro “Autonorama: uma história sobre carros inteligentes, ilusões tecnológicas e outras trapaças …

Método baseado em imagens de satélite se mostra eficaz no mapeamento de áreas agrícolas

Modelo criado no Inpe usa dados da missão Sentinel-2 – par de satélites lançado pela Agência Espacial Europeia para o monitoramento da vegetação, solos e áreas costeiras. Resultados da pesquisa podem subsidiar políticas agroambientais Usadas frequentemente …

Como o Brasil ajudou a criar o Estado de Israel

Ao presidir sessão da Assembleia Geral da ONU que culminou no acordo pela partilha da Palestina em dois Estados, Oswaldo Aranha precisou usar experiência política para aprovar resolução. O Brasil teve um importante papel no episódio …

O que são os 'círculos de fadas', formações em zonas áridas que ainda intrigam cientistas

Os membros da tribo himba, da Namíbia, contam há várias gerações que a forte respiração de um dragão deixou marcas sobre a terra. São marcas semicirculares, onde a vegetação nunca mais cresceu. Ficou apenas a terra …

Mosquitos modificados podem reduzir casos de dengue

Mosquitos infectados com a bactéria Wolbachia podem estar associados a uma queda de 97% nas infecções de dengue em três cidade do vale de Aburra, na Colômbia, segundo o resultado de um estudo realizado pelo …

Chile, passado e presente, ainda deve às vítimas de violações de direitos humanos

50 anos após a ditadura chilena, ainda há questões de direitos humanos pendentes. No último 11 de setembro, durante a véspera do 50° aniversário do golpe de estado contra o presidente socialista Salvador Allende, milhares de …

Astrônomos da NASA revelam caraterísticas curiosas de sistema de exoplanetas

Os dados da missão do telescópio espacial Kepler continuam desvendando mistérios espaciais, com sete exoplanetas de um sistema estelar tendo órbitas diferentes dos que giram em torno do Sol. Cientistas identificaram sete planetas, todos eles suportando …

Em tempos de guerra, como lidar com o luto coletivo

As dores das guerras e de tantas tragédias chegam pelas TV, pelas janelinhas dos celulares, pela conversa do grupo, pelos gritos ou pelo silêncio diante do que é difícil assimilar e traduzir. Complicado de falar …

Pesquisa do Google pode resolver problemas complexos de matemática

O Google anunciou uma série de novidades para melhorar o uso educativo da busca por estudantes e professores. A ferramenta de pesquisa agora tem recursos nativos para resolver problemas mais complexos de matemática e física, inclusive …