Presidente eleito conquista tradicional bastião republicano, segundo projeções. Em mais de sete décadas, apenas dois democratas haviam vencido no Arizona.
O presidente eleito Joe Biden ampliou nesta sexta-feira (13/11) sua vitória sobre o republicano Donald Trump ao vencer a disputa pelo estado do Arizona, segundo projeções da rede CNN e do jornal New York Times.
A vitória nesse estado é especialmente significativa para os democratas. Em mais de sete décadas, Biden se tornou apenas o segundo candidato democrata à Presidência a vencer no Arizona.
Com a vitória no estado, Biden ampliou de 279 para 290 o seu total de votos no colégio eleitoral. São necessários 270 para conquistar a Presidência, uma marca que Biden superou no último sábado.
Quase dez dias depois das eleições, alguns estados ainda estão contando votos remanescentes, e a disputa ainda segue em aberto na Geórgia e na Carolina do Norte, segundo o New York Times.
Nos últimos dias, Trump venceu a disputa no Alasca, segundo projeções, ampliando sua contagem no colégio eleitoral de 214 para 217 votos, continuando bem atrás de Biden.
No Arizona, assim como em outros estados, a vitória de Biden foi apertada. Segundo a última contagem, ele ficou à frente de Trump por 11 mil votos, ou 0,3 ponto percentual. Quatro anos atrás, Trump venceu no estado por uma vantagem de 3,5 pontos percentuais.
Na quarta-feira, o procurador-geral do Arizona, Mark Brnovich, um republicano, disse à rede Fox News que as autoridades estaduais receberam cerca de 1.000 denúncias relacionadas ao pleito, mas não encontraram “nenhuma evidência” de fraude eleitoral generalizada. “Se de fato houve alguma grande conspiração, aparentemente não funcionou”, disse Brnovich.
A vitória democrata no Arizona se concentrou no condado de Maricopa, onde fica o Phoenix e que concentra quase 60% de todos os habitantes do estado. Maricopa é um dos condados que mais vem crescendo nos EUA, atraindo moradores de origem latina e americanos de estados como a Califórnia, o que vem mudando o perfil político da região.
Antes de ter passado para Biden, o estado sempre foi considerado um bastião republicano. Entre 1948 e 2020, apenas dois candidatos democratas à Presidência venceram no Arizona: Harry Truman, em 1948, e Bill Clinton, em 1996. A região também era o reduto político de Barry Goldwater, o candidato republicano nas eleições de 1964 e fundador do moderno movimento conservador americano.
Mais recentemente, o Arizona era a base do ex-senador e candidato republicano à presidência John McCain, um republicano moderado, que foi alvo de vários ataques por parte de Trump antes da sua morte em 2018. Cindy McCain, a viúva do ex-senador, apoiou Biden nas eleições de 2020 e fez campanha para o democrata, apesar de ser uma republicana. Uma das filhas de McCain, Meghan, também celebrou publicamente a derrota de Trump.
Em 2016, Trump provocou repúdio em praticamente todo o espectro político nos EUA, ao chamar John McCain, um veterano condecorado da Guerra do Vietnã, de “perdedor” por ter sido aprisionado pelo inimigo durante o conflito. No cativeiro, McCain foi regularmente torturado pelo norte-vietnamitas por mais de cinco anos.
McCain, que liderou uma candidatura republicana de perfil majoritariamente moderada no pleito de 2008, foi responsável, como senador, por dar o voto decisivo para derrubar a proposta de Trump que pretendia extinguir o Obamacare. Ele ainda deixou instruções para que Trump não fosse convidado para seu funeral em 2018. Em um gesto mesquinho, Trump ordenou que as bandeiras da Casa Branca não ficassem inicialmente a meio mastro em homenagem ao senador. Ele só cedeu após receber uma enxurrada de críticas.