Um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), em Portugal, mostra que níveis elevados de gordura corporal favorecem o crescimento das células cancerígenas associadas aos melanomas, fazendo com que eles se multipliquem com mais facilidade e se tornem mais resistentes à radioterapia.
“As células do melanoma crescem mais rapidamente e morrem menos” quando entram em contato com as moléculas produzidas pelo tecido adiposo, explicou o pesquisador da FMUP, Pedro Coelho.
De acordo com o especialista, a exposição faz com que as células do melanoma migrem e se alojem mais facilmente na superfície de outros órgãos, o que, no caso do câncer, traduz-se em uma maior agressividade da doença.
O estudo mostra também que as moléculas produzidas pelos adipócitos (células responsáveis pelo armazenamento da gordura) aumentam a probabilidade de o tumor desenvolver vasos sanguíneos próprios, criando uma forma alternativa para que o melanoma cresça e, posteriormente, se multiplique.
Na pesquisa, que demorou cerca de quatro anos para ser concluída e em que foram utilizados modelos ‘in vitro’ e ‘in vivo’, percebeu-se ainda que os elevados níveis de gordura corporal têm um efeito negativo na renovação celular, processo essencial para a eliminação de células “defeituosas”.
Os resultados demonstram igualmente que, quando as células cancerígenas são expostas às moléculas liberadas pelo tecido adiposo, resistem mais ao tratamento, como se estivessem “protegidas contra os efeitos da radioterapia“, indicou Pedro Coelho.
O passo seguinte, segundo o pesquisador, passa por verificar quais as alterações produzidas nos melanomas pelas células liberadas pelo tecido adiposo, de forma a controlar ou bloquear esse processo, evitando assim que a doença se torne resistente ao tratamento.
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