Astrônomos descobrem planeta onde chove rubis e safiras

G. Bacon (STScI) / NASA, ESA

Conceito artístico do planeta HAT-P-7b

Conceito artístico do planeta HAT-P-7b

Durante todas as madrugadas, chove na atmosfera de um exoplaneta HAT-P-7b. Mas as “gotas” das chuvas deste exoplaneta são nada mais nada menos que rubis e safiras, diz artigo publicado pela revista Nature Astronomy.

“Conseguimos analisar como se reflete a luz da atmosfera do HAT-P-7b e entender que a luz muda constantemente. No lado noturno formam-se nuvens que são transportadas pelos ventos fortes para o lado diurno, onde se evaporam, disse o astrônomo David Armstrong, pesquisador da Universidade de Warwick, no Reino Unido.

“A velocidade do vento muda bruscamente com frequência, por isso, muitas nuvens, que se formaram, desaparecem. Este é o primeiro exemplo da existência de tempo no gigante gasoso fora do sistema solar”, acrescentou o cientista.

O planeta HAT-P-7b, ou Kepler-2b, foi um dos primeiros planetas da órbita de Kepler a ser descoberto por telescópio. Ele é um típico “Júpiter quente“, um gigante gasoso, que gira muito perto do astro. Devido a isso, a temperatura atmosférica de Kepler-2b excede os 2.500 graus Celsius em seu lado “solar”, e corresponde a 1300 graus no lado “noturno”.

A descoberta de “Júpiteres quentes” impulsionou o questionamento entre os cientistas sobre a composição exótica da atmosfera de tais planetas. Por exemplo, durante os últimos anos, foram descobertos planetas com nuvens de chumbo e vidro, com ar de metais vaporizados e rochas, fluxos que sopram, em alguns casos, com velocidade supersónica.

Já que o HAT-P-7b se encontra a mil anos-luz de nós, o estudo de sua atmosfera e outras propriedades não pode ser realizado com precisão. Por isso, os cientistas buscam revelar os segredos do planeta através do brilho emanado por ele, quais mudanças são registradas no que diz respeito às luzes, como também a localização e o “desenho” das linhas espectrais.

Armstrong e seus colegas tiveram sorte, pois o telescópio orbital Kepler analisou o exoplaneta durante os seus primeiros quatro anos de funcionamento, permitindo aos cientistas o estudo detalhado das variações do brilho, espectro e outras características do “Júpiter quente”.

As observações revelaram uma coisa inesperada: o ponto mais brilhante (e quente) na atmosfera de HAT-P-7b estava em constante movimento e não estava no lugar que “olha” diretamente para a estrela e recebe dela a maior quantidade de calor.

Isso indicou que no ar do “Júpiter quente” encapelam-se tempestades poderosas, que trazem massas de ar frias e nuvens do lado noturno do planeta.

De acordo as suposições dos autores do artigo, as nuvens são compostas de corindo, mineral imprescindível na formação de rubis, safiras e outras pedras preciosas. Portanto, a permanência de tais nuvens no lado noturno poderia levar a formação de “gotas de rubis” e “de safiras” nas camadas baixas da atmosfera do HAT-P-7b.

Os cientistas acreditam que tais “nuvens preciosas” são formadas na fronteira entre o lado diurno e noturno do HAT-P-7b, onde as temperaturas são suficientemente baixas para condensação de safiras e rubis dos vapores de corindo.

As pedras preciosas seriam levadas pelos ventos fortes para o lado iluminado do planeta, onde rapidamente fecham a atmosfera, aumentando a sua refletividade, o que resulta no seu esfriamento brusco.

Como resultado, os ventos se enfraquecem e a transporte das nuvens do lado noturno ao lado diurno é parado. As nuvens pouco a pouco evaporam e o ciclo de nascimento e destruição delas começa mais uma vez.

A descoberta de tais nuvens e da sua interação com os ventos somente sugere a existências de sistemas climáticos severos até mesmo em condições mais extremas. Também por isso, é duvidoso que a humanidade algum dia seja capaz de entrar na atmosfera de tais planetas para “recolher” as gotas preciosas destas chuvas.

 

 

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