As abelhas conseguem resolver tarefas de contagem com um número muito reduzido de células nervosas no cérebro, segundo uma pesquisa recente realizada por uma equipe de cientistas da Universidade Queen Mary, em Londres.
Para entender como as abelhas contam, uma equipe de cientistas da Universidade Queen Mary, em Londres, simulou um “cérebro” miniatura muito simples em um computador com apenas quatro células nervosas – muito menos do que possui o cérebro de uma abelha real.
O cérebro simulado conseguiu facilmente contar pequenas quantidades de objetos ao inspecioná-los de perto, um de cada vez – ao contrário do que acontece com os seres humanos, que olham para todos os objetos e conseguem contá-los todos de uma só vez.
No estudo, publicado recentemente na revista iScience, os pesquisadores propõem que o comportamento inteligente das abelhas torna a tarefa complexa de contar muito mais fácil do que é na verdade, permitindo que os animais exibam habilidades cognitivas impressionantes com o mínimo de poder intelectual.
Estudos anteriores mostraram que as abelhas podem contar até quatro ou cinco objetos, podem escolher o menor ou maior número de um grupo e até mesmo escolher o “zero” contra outros números quando treinadas para escolher “menos”.
Os pesquisadores entendem que as abelhas conseguiram essa proeza não entendendo conceitos numéricos, mas sim usando movimentos de voo específicos para inspecionar de perto os objetos que moldam sua entrada visual e simplificam, assim, a tarefa até o ponto em que ela requer o mínimo de poder intelectual.
Essa descoberta demonstra que a inteligência das abelhas – e, potencialmente, de outros animais –, pode ser mediada por números muito pequenos de células nervosas, informa o Phys.org.
Esse estudo pode ter implicações na Inteligência Artificial (IA), dado que os robôs autônomos eficientes precisarão de contar com algoritmos robustos, computacionalmente baratos, e poderiam se beneficiar do emprego de comportamentos de varredura inspirados em insetos, como as abelhas.
Vera Vasas, da Universidade Queen Mary e autora principal do artigo, disse que esse modelo “mostra que, apesar de a contagem geralmente exigir inteligência e cérebros grandes, pode ser facilmente feita com o menor dos circuitos de células nervosas“.
“Sugerimos que o uso de movimentos de voo específicos explique a capacidade de contagem de abelhas, o que significa que a tarefa de contar requer pouco poder intelectual”, concluiu.
As abelhas têm apenas 1 milhão de células nervosas, o que lhes confere muito pouco poder intelectual. Em comparação, os humanos têm 86 bilhões de células nervosas.
Ciberia // ZAP