Desafiando a ciência e as previsões que lhe davam apenas dois anos de vida quando, aos 21 anos, foi diagnosticado com Esclerose Lateral Amiotrófica, Stephen Hawking, o físico e astrônomo britânico, fez no dia 8 de aneiro 76 anos de idade.
A longevidade de Hawking é extraordinária entre pacientes de Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), uma doença degenerativa que causa a morte das células nervosas que controlam os movimentos musculares voluntários, que envolvem a mastigação, o andar, o falar e o respirar.
Hawking foi diagnosticado com ELA quando tinha apenas 21 anos de idade e, na época, lhe deram apenas dois anos de vida. Contra todas as previsões, o físico atingiu esta semana respeitosos 76 anos.
Em 1985, quando ficou doente com uma pneumonia, Hawking foi colocado em coma induzido e os médicos aconselharam a família a desligar as máquinas que o mantinham vivo. Mas a mulher, Jane, se recusou a fazê-lo, como o próprio Hawking conta no documentário autobiográfico lançado em 2013.
“Ela recusou e fez questão que eu fosse transferido para Cambridge”, conta o astrônomo britânico, confessando que os dias que se seguiram foram os piores da sua vida.
Foi nessa época que “ganhou” sua famosa voz gerada por computador, depois de ter sido forçado a realizar uma traqueotomia – um procedimento que implica fazer uma abertura no pescoço para permitir a passagem de oxigênio, sem o uso do nariz ou da boca.
Um ano depois desta operação, teve acesso ao programa de computador “Equalizer”, criado por Walter Woltosz para ajudar sua sogra, que também sofria de ELA, a se comunicar.
Hawking foi perdendo, gradualmente, o controle motor sobre seu corpo e vive numa cadeira de rodas há décadas. Mas seu intelecto fervilha continuamente e é, hoje em dia, um dos cientistas e das figuras públicas mais respeitadas do mundo, especialmente no campo da astronomia.
Já escreveu vários livros, alguns dos quais são sucessos de vendas, comparece regularmente em conferências, em documentários e em programas de televisão, além de redigir trabalhos científicos. E ainda tem tempo para fazer livros infantis em parceria com a filha Lucy.
O peso da genética
O segredo para esta extraordinária longevidade de Hawking é um mistério que nem o próprio físico, conhecido como um cientista genial, consegue explicar. O fato de ter sido diagnosticado na juventude pode ajudar a explicá-la, já que a maioria dos pacientes de ELA só são diagnosticados depois dos 50 anos, começando os tratamentos tardiamente.
“A progressão da doença varia dependendo da pessoa”, explica o Live Science, notando que a expectativa média de vida de pacientes de ELA é de cerca de três anos. “Cerca de 20% das pessoas vivem cinco anos após seus diagnósticos, 10% vivem 10 anos e 5% vivem 20 anos ou mais”, de acordo com dados da Associação de ELA norte-americana citados pela mesma publicação.
A genética pode ser um fator fundamental neste processo, já que “há mais de 20 genes diferentes envolvidos na ELA”, como nota no Live Science o diretor do Centro Neuromuscular do Instituto Northwell de Neurociência da Saúde, em Nova York, nos EUA, Anthony Geraci.
“A ELA carrega, provavelmente, 20 ou mais doenças diferentes quando se consideram seus fundamentos genéticos”, conclui Geraci.
Ciberia // ZAP