A capacidade da China de tornar qualquer grande edifício em um “parque de diversão” pode ter um impacto negativo quando se trata de edifícios onde se fazem experimentos científicos.
Por exemplo, o barulho produzido pelos milhões de turistas pode influenciar negativamente o funcionamento do radiotelescópio de 500 metros, situado nas montanhas da província de Guizhou, que foi construído para busca de formas de vida extraterrestre.
Segundo a edição South China Morning Post, durante os primeiros 6 meses de 2017, o radiotelescópio FAST, que atualmente é o maior de sua classe, foi visitado pelos mais de 4 milhões de turistas. De acordo com avaliações de especialistas, este é um número enorme, e o barulho causado pelos visitantes pode afetar a precisão dos dados obtidos.
Atualmente, este radiotelescópio é o projeto astronômico mais dispendioso da China, ele custou 1,2 milhões de yuan (R$ 565). A edição comunica que o FAST colabora com o projeto Breakthrough Listen do empresário russo Yuri Milner, destinado também à busca de vida extraterrestre, com o orçamento total de 100 milhões de dólares (R$ 314 mil).
O FAST foi desenvolvido para ajudar os cientistas a entender melhor o Universo, mas também para encontrar e fixar pulsares e comunicações interestelares. Tais objetivos pressupõem que o radiotelescópio fique em um lugar silencioso e isolado. Porém, a quantidade de turistas, atraídos pelo objeto científico, tem mudado gradualmente o ambiente para pior.
Segundo as informações das autoridades locais, os turistas que visitaram o telescópio durante meio ano contribuíram para o orçamento regional com 4,6 milhões de yuan (R$ 2166 mil).
Nota-se que nos próximos meses será iniciada a construção de duas autopistas que ligarão o local do telescópio à capital da província, a cidade de Guiyang. Ultimamente na pequena cidade, situada perto do telescópio, foram inaugurados mais de 40 hotéis e 100 restaurantes para servirem o fluxo crescente de turistas.
Contudo, o que faz bem ao turismo nem sempre beneficia a ciência. O diretor do Planetário de Pequim, Zhu Jin, frisou que o local do telescópio não foi escolhido por acaso num lugar tão distante e isolado, pois a crescente atividade humana aumenta a poluição eletromagnética.
De acordo com ele, não tem uma solução simples para o problema, é preciso que os dois lados cheguem a um compromisso.
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