Pesquisadores da Universidade da Califórnia em Davis (EUA) dizem que o núcleo da Terra pode liberar ferro para o manto. O trabalho foi publicado na revista Nature Geoscience no início de abril.
“Se correto, esse é um passo para melhorar nosso conhecimento sobre a interação núcleo-manto”, explica o pesquisador principal Charles Lesher. Ele e sua equipe observaram que isótopos pesados do ferro migram do núcleo para o manto, enquanto isótopos leves tendem a se movimentar em sentido contrário.
Isótopos são variantes de um mesmo elemento químico. Eles têm o mesmo número de prótons, mas diferem em número de nêutrons. Isso causa uma leve diferença na massa atômica entre os isótopos.
O planeta Terra é dividido em três principais camadas: crosta, manto e núcleo. Este, por sua vez, é dividido em interno e externo. Apesar da altíssima temperatura, o núcleo interno é sólido por conta da enorme pressão, enquanto o externo é líquido. A área de transição entre o núcleo externo e o manto está a 2900 km da superfície, e é o local observado na pesquisa.
O estudo analisa a movimentação de isótopos entre áreas de temperatura e pressão bastante diferentes. A pesquisa pode explicar por que há mais isótopos pesados de ferro nas rochas do manto do que no chondrite meteorito isolado, rocha formada no espaço sideral nos estágios iniciais do sistema solar.
“Se verdadeiro, o resultado sugere que ferro do núcleo tem vazado para o manto por bilhões de anos”, diz Lesher.
Simulações mostraram que esse material do núcleo pode até atingir a superfície através da lava vulcânica. A lava de alguns pontos como Havaí e Samoa, por exemplo, é enriquecida com isótopos pesados de ferro.
Compreender os processos físicos que acontecem nessa região é importante para interpretar as imagens sísmicas do manto, além de fornecer informações importantes para a criação de modelos da transferência química e térmica do local.
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