As diversas secas que afetam o planeta atualmente destroem tantos alimentos que impedem que 81 milhões de pessoas comam a cada dia e têm efeitos inesperados que condenam famílias inteiras à pobreza, segundo um relatório divulgado nesta terça-feira (23) pelo Grupo Banco Mundial (BM).
A precipitação, que é cada vez mais irregular, gera impactos ainda maiores que desastres naturais como inundações e tsunamis, já que provocam “um sofrimento em câmera lenta”, de acordo com o estudo Águas inexploradas: a nova economia da escassez e a variabilidade da água.
“Temos que compreender melhor os impactos da escassez de água, problema que se agravará ainda mais devido ao crescimento demográfico e à mudança climática”, indica o diretor-sênior do Departamento de Práticas Globais da Água do Banco Mundial, Guangzhe Chen.
De acordo com o organismo, além de afetar diretamente a produção agrícola, as secas têm outra série de repercussões inesperadas de grande relevância.
Em zonas rurais da África, conforme o relatório, as mulheres nascidas em períodos de seca sofrem um atraso no seu desenvolvimento físico e mental. Este atraso faz com que sejam mais propensas a dolências, que afetam o seu nível de educação, o que com o tempo contribui para ter uma renda menor e uma maior probabilidade de sofrer violência doméstica.
Além disso, a falta de chuvas afeta gravemente as florestas do planeta dado que, além de alterar os ecossistemas e facilitar a propagação de incêndios, obriga os agricultores a expandir os seus terrenos de cultivo.
A indústria também é diretamente afetada por esta escassez, já que um simples corte de água em uma empresa urbana pode reduzir o faturamento em mais de 8%. Em empresas consideradas informais, as vendas podem chegar a diminuir 35%.
“Os atuais métodos de gestão da água são inadequados para lidar com o problema. Para realizar esta mudança fundamental seria necessário um conjunto de políticas que contenham incentivos econômicos”, denuncia o economista principal do Departamento de Práticas Globais da Água do BM, Richard Damania, autor do relatório.
O documento propõe diversas medidas para enfrentar o problema, como a construção de infraestruturas para o armazenamento de água e regularizações das empresas encarregadas de sua distribuição.
Ciberia // EFE