Mesmo se movendo lentamente em uma órbita incomum a 6,7 bilhões de quilômetros de distância do Sol, Plutão possui uma atmosfera nebulosa formada graças aos raios solares que chegam até lá.
Isso foi descoberto quando a sonda New Horizons passou pelo planeta anão em 2015 e, agora, a NASA obteve novos detalhes sobre essa neblina azulada de Plutão, com a ajuda de um avião.
Este avião é, na verdade, o Observatório Estratosférico de Astronomia Infravermelha, conhecido pela sigla SOFIA. Trata-se de um observatório que voa pela atmosfera terrestre em um Boeing 747 modificado e, assim, consegue captar dados do Sistema Solar. Com a ajuda do SOFIA, pesquisadores conseguiram entender melhor como a atmosfera nebulosa de Plutão é formada.
De acordo com os dados coletados, a neblina que envolve Plutão é feita de partículas muito pequenas que permanecem na atmosfera do planeta anão por períodos prolongados, em vez de caírem na superfície. Os dados do SOFIA mostram que essas partículas estão sendo constantemente renovadas pelo Sol, à medida que seus raios alcançam a superfície e vaporiza o gelo que cobre o pequeno mundo.
A atmosfera desse mundo gelado é composta predominantemente de gás nitrogênio, com pequenas quantidades de metano e monóxido de carbono.
As partículas de neblina se formam no alto da atmosfera, a mais de 32 km acima da superfície, à medida que o metano e outros gases reagem à luz solar, antes de chover lentamente para a superfície gelada. De acordo com os dados do SOFIA, essas partículas são extremamente pequenas – têm apenas 0.06-0.10 mícrons de espessura, algo 1.000 vezes menor do que a largura de um cabelo humano.
Por serem tão pequenas, as partículas espalham mais luz azul do que outras cores do espectro solar, à medida que flutuam em direção à superfície, criando uma tonalidade azulada na atmosfera de Plutão.
Mas, com as novas informações, os cientistas estão reavaliando suas previsões sobre o destino da atmosfera de Plutão. É que, anteriormente, eles deduziam que, à medida que os planetas anões se afastassem do Sol, menos gelo na superfície seria vaporizado, gerando menos gases atmosféricos, e eventualmente levando a um colapso atmosférico. Não é este o caso, no entanto.
O novo estudo mostra que a névoa, na verdade, torna-se espessa e desaparece em um ciclo que dura alguns poucos anos. Isso indica que as pequenas partículas estão sendo criadas com relativa rapidez.
“Ainda há muito que não entendemos, mas agora somos forçados a reconsiderar previsões anteriores”, disse Michael Person, que liderou o estudo. “A atmosfera de Plutão pode entrar em colapso mais lentamente do que o previsto anteriormente, ou talvez isso nem mesmo aconteça”, concluiu.
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