Policiais disparam contra detentos amotinados em penitenciária de Alcaçuz

Marcelo Camargo / Agência Brasil

Policiais da tropa de choque

Policiais Militares dispararam seguidas vezes em direção do interior da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, em Natal (RN), por volta das 13h, desta terça-feira (17), após novo momento de tensão entre facções rivais.

Os presos do presídio de Alcaçuz, na região metropolitana de Natal, estão espalhados pelo pátio do complexo e alguns tinham retornado hoje aos telhados de uma das unidades do complexo. Ainda não há confirmação oficial do Estado, mas a causa dos disparos pode ter sido uma tentativa de invasão dos presos a uma ala em que estão detentos de facções rivais.

Os tiros foram disparados das guaritas que cercam o presídio. Ainda não há confirmação oficial sobre a munição utilizada. A Folha relata que presenciou o uso de pistolas pelos PMs. A polícia afirma que utiliza apenas armas não letais, como as que disparam balas de borracha.

Questionada pela reportagem, a corporação disse que a orientação para os PMs é apenas esta. No sábado (14), 26 detentos foram mortos em mais um massacre em penitenciárias brasileiras neste ano.

Nesta segunda (16), policiais militares entraram no presídio e retiraram cinco homens que, segundo o governo do Estado, lideraram o massacre que matou 26 presos no sábado. O governo do Estado, no entanto, não revelou para onde foram transferidos.

A maioria dos mortos pertence ao Sindicato do Crime do Rio Grande do Norte, facção criminosa que domina a maioria dos presídios do Estado. O Sindicato é uma dissidência do Primeiro Comando da Capital (PCC) surgida por volta de 2012 da qual todas vítimas faziam parte.

A detenção está dividida em dois setores. Em um lado estão detentos do PCC e do outro, do Sindicato do Crime. O governo do Estado afirma que vai reformar o presídio para construir um muro separando as duas facções que controlam o local.

O secretário de Justiça e Cidadania do Estado, Wallber Virgulino, afirmou nesta segunda que a polícia controla o presídio com agentes nas guaritas, mas reconheceu que a situação da estrutura é precária. “Os pavilhões estão destruídos e eles sobem nos telhados para tentar se defender”, disse.

Nesta terça, mais cedo, o governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD), afirmou que o motim dos presos de Alcaçuz é uma represália da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) ao massacre ocorrido em Manaus no início do ano.

Faria declarou ainda que o PCC mandou um recado para o governo, de que iria “tocar fogo em Natal”, caso os líderes da facção fossem transferidos para prisões de outros Estados.

Presos voltam aos telhados da Penitenciária de Alcaçuz

De acordo com a Sejuc, os presos que voltaram ao telhado do pavilhão onde funciona o setor médico não estão participando do motim que começou no sábado (14) e deixou pelo menos 26 mortos. A permanência do grupo no telhado seria uma forma de eles se protegerem dos internos rebelados na Penitenciária Rogério Coutinho Madruga, que muitos chamam de pavilhão 5, onde estariam detidos criminosos que afirmam pertencer à facção Primeiro Comando da Capital (PCC).

Desde o último fim de semana, os presos já ocuparam os telhados da unidade pelo menos três vezes. A primeira, no fim de semana, quando a rebelião começou e grupos rivais passaram a se hostilizar cada qual sob o telhado de um pavilhão. A segunda ocupação ocorreu na manhã dessa segunda-feira (16), depois que as forças policiais deixaram o interior da unidade. O Batalhão de Operações Especiais da PM (Bope) foi acionado e voltou à área no início da tarde de ontem. Pouco depois, os presos desceram do telhado.

De acordo com a Sejuc, após uma noite sem registro de novas ocorrências, um grupo de presos voltou a subir ao telhado pela terceira vez. Mesmo com a presença de tropas policiais especiais no interior da penitenciária, a volta da situação à normalidade é demorada, pois o processo de retomada das dependências segue protocolos de segurança rígidos e os policiais avançam pouco a pouco.

Ontem à tarde, cinco suspeitos de comandar a rebelião na penitenciária foram transferidos para a Divisão de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), também em Natal. Eles já foram ouvidos e serão transferidos em breve para outros estabelecimentos prisionais. No Twitter, o governador Robinson Faria adiantou que os “cinco chefes de facções retirados de Alcaçuz serão levados para presídios federais”.

Faria se reuniu hoje de manhã, em Brasília, com o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, a quem pediu o empréstimo de um avião federal para transportar os presos para as unidades federais, um helicóptero para reforçar o policiamento ostensivo e a ampliação do efetivo da Força Nacional de Segurança Pública.

Soldados da Força Nacional estão no estado desde setembro do ano passado. O pedido de apoio foi motivado pelo agravamento da situação da segurança pública. Em março de 2015, o governo potiguar decretou estado de calamidade pública no sistema penitenciário. Em julho de 2016, grupos criminosos passaram a organizar uma série de ataques a ônibus e prédios públicos.

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