O avião de reconhecimento russo Il-20 foi abatido na segunda-feira (17) pelo sistema antiaéreo sírio, vitimando 15 militares. O ministério da Defesa russo acusou Israel e ameaçou retaliar.
A base aérea russa de Hmeimim perdeu contato com a aeronave militar, um quadrimotor de reconhecimento Ilyushin Il-20, na noite de segunda-feira, durante um ataque de caças-bombardeiros F-16 de Israel sobre alvos na província de Latakia.
A aeronave, geralmente usada em missões de vigilância, “foi abatida por um sistema de mísseis S-200 do exército da Síria, matando todos os 15 tripulantes”, informou o ministério russo da Defesa.
A queda do avião russo é o mais grave incidente entre os dois aliados desde que Moscou passou a intervir militarmente na Síria, no final de 2015, para apoiar o regime de Damasco, então enfraquecido.
Em comunicado, o ministério da Defesa russo explicou que os quatro caças F-16 israelenses teriam usado o avião russo como escudo em uma investida aérea ao regime sírio em Latakia. Sabe-se agora que o avião foi abatido com 15 pessoas a bordo, a cerca de 35 quilômetros da costa.
Segundo os russos, os militares foram avisados da intervenção das forças israelenses um minuto antes do ataque, tempo insuficiente para garantir a segurança do avião Ilyushin Il-20 e dos tripulantes, ato considerado pelos russos como uma “provocação intencional”.
Moscou alega que o avião russo se preparava para pousar na base aérea de Hmeymim, ao mesmo tempo que navios franceses e caças israelenses iniciavam um ataque ao regime sírio. Os caças F-16 de Israel teriam utilizado o avião russo como cobertura para poderem se aproximar dos alvos sem serem atingidos pelo sistema antiaéreo sírio.
“Consideramos as ações do exército israelense como hostis”, afirmou Igor Konashenkov, porta-voz do Ministério da Defesa russo. “Ao se esconderem atrás do avião russo, os pilotos israelenses o colocaram na linha de fogo do sistema de defesa da Síria. Como resultado, o Il-20 foi abatido pelo sistema de mísseis S-200 sírio”.
Em comunicado, os russos afirmam ter “o direito de tomar medidas equivalentes em resposta”. Os franceses já negaram ter lançado qualquer tipo de ofensiva com mísseis.
O Comitê de Investigação da Rússia afirmou nesta terça-feira (18) que abriu um inquérito sobre queda da aeronave. “O principal departamento de investigação do Comitê de Investigação da Rússia lançou uma investigação criminal sobre a queda da aeronave Il-20 no Mar Mediterrâneo”, afirmou a porta-voz do organismo, Svetlana Petrenko.
De acordo com a porta-voz, os investigadores e criminologistas do comitê trabalham em conjunto com o Ministério da Defesa russo no local do incidente. “Todas as circunstâncias e as causas do incidente estão sendo estabelecidas”, acrescentou Petrenko.
Israel culpa Assad e o Hezbollah
O exército israelense reagiu às acusações da Rússia, contestando que sua força aérea tivesse usado a aeronave russa como cobertura para escapar do fogo sírio, e responsabiliza o presidente sírio, Bashar al-Assad, como responsável pelo incidente.
“Israel considera Bashar al-Assad, cujo exército abateu o avião russo, como totalmente responsável por esses incidentes”, afirmou um porta-voz da força aérea israelense.
Entretanto, o presidente russo, Vladimir Putin, em visita oficial à Turquia, reagiu ao incidente, parecendo diluir o tom das acusações e procurar um discurso conciliatório em relação a Israel. Segundo o chefe do Kremlin, a aeronave russa foi abatida na sequência de “uma série de circunstâncias acidentais trágicas“.