O mundo é cada vez mais um lugar triste. Uma pesquisa global sobre as emoções humanas concluiu que 2017 foi o ano mais sombrio e miserável em mais de uma década.
Segundo o Science Alert, embora as experiências positivas tenham se mantido estáveis, o mundo atual está mais estressado, preocupado e triste do que em qualquer outra época desde 2005, ano em que começou o Gallup Global Emotions Report.
“Esta é a primeira vez que vemos um aumento significativo de emoções negativas”, afirma Julie Ray, principal autora e editora do relatório de 2018, ao New York Times. “É o valor mais alto que já registramos”, acrescenta.
Com a propagação do terrorismo, da guerra, da crise dos refugiados, bem como as mudanças climáticas, em 2017, o mundo continuou a parecer menos estável e cada vez mais perigoso. Mesmo em sociedades aparentemente pacíficas, o medo político e a polarização deixaram os cidadãos se sentindo isolados e oprimidos.
A pesquisa contou com a participação de mais de 154 mil pessoas em todo o mundo, tendo verificado que quase quatro em cada dez pessoas sentiram preocupação ou estresse no dia anterior à entrevista – um aumento de 2% frente ao ano anterior.
Tristeza e dor física são as sensações negativas que se seguem, com um aumento de 1%: pouco mais de três em dez disseram ter experimentado dor física no dia anterior e um em cada cinco disseram ter sentido tristeza. A raiva foi a única emoção negativa que se manteve estável quando comparado com os resultados do ano anterior (20%).
Assim como seria esperado, existem regiões no mundo que sentem mais emoções negativas do que outras. Até 2017 – e durante quatro anos consecutivos – o Iraque teve a maior pontuação no Índice de Experiência Negativa.
No ano passado, porém, a República Centro-Africana ocupou esse lugar, obtendo a maior pontuação que a Gallup já registrou em qualquer país na última década. Mesmo assim, devido aos intensos conflitos no país, a organização não conseguiu respostas de cerca de 40% da população.
Das respostas recolhidas, três em cada quatro pessoas disseram ter experimentado dor física e muita preocupação no dia anterior a serem questionadas – a mais alta registrada nos dois casos.
Na América Latina, os resultados já foram mais animadores. Ano após ano, a região continua a liderar o mundo relativamente às experiências positivas, com os autores do estudo alegando que isso pode ser explicado (em parte) pela tendência latino-americana de se focar nos pontos positivos da vida.
Mas, embora os fatores culturais tenham alguma relevância, a verdade é que quase todos os países com as piores pontuações passam por algum tipo de conflito interno ou externo contínuo.
“Nossa pesquisa ao longo dos anos nos ensinou que o rastreamento de como as pessoas vivem suas vidas é, sem dúvida, mais importante do que a pontuação geral em um único ano”, escreve Mohamed S. Younis, editor-chefe da Gallup, no novo relatório.
“Embora os desenvolvimentos a nível nacional e global tendam a dominar as manchetes, captar as tendências de esperança – ou desespero – a nível individual fornece a inteligência mais valiosa”.
Ciberia // ZAP