Uma escuridão de dois anos de duração teria sido o efeito das cinzas geradas pelos gigantescos incêndios após a queda de um asteroide na Terra, há 66 milhões de anos, que exterminou os dinossauros, segundo um estudo liderado pelo Centro Nacional de Pesquisa do Clima dos Estados Unidos (NCAR), com apoio da Nasa e da Universidade do Colorado em Boulder.
Divulgado nesta segunda-feira (21), o estudo examinou as drásticas mudanças no clima terrestre após o impacto do meteoro de dez quilômetros de diâmetro.
Segundo o trabalho, o choque provocou grandes chamas e “enormes quantidades de cinzas”, que teriam obscurecido a luz do Sol durante “quase dois anos”. A fotossíntese foi interrompida por um ano e meio, e o planeta sofreu um drástico resfriamento, o que contribuiu para a extinção dos dinossauros.
Os especialistas usaram um modelo por computador para criar um panorama detalhado de como teria ficado a Terra ao final do Cretáceo, uma informação útil para que os paleobiólogos entendam melhor por que algumas espécies morreram, sobretudo nos oceanos, e outras seguiram adiante.
Mais de três quartos das espécies que viviam na Terra, incluindo todas as de dinossauros não voadores, desapareceram na transição do Cretáceo para o Paleogeno, e as evidências mostram que essa grande extinção aconteceu quando um grande meteoro caiu no que hoje é a península de Yucatán.
A colisão, de acordo com os cientistas, desencadeou terremotos, tsunamis e erupções vulcânicas, e a força do impacto teria lançado rochas vaporizadas muito acima da superfície terrestre, onde teriam se condensado em pequenas partículas chamadas esférulas.
Ao voltarem a cair na Terra, elas teriam se aquecido pela fricção até temperaturas suficientemente altas para provocar incêndios e abrasar a superfície terrestre.
O cientista do NCAR e diretor do estudo, Charles Bardeen, explicou que o trabalho visava estudar as consequências a longo prazo da grande quantidade de cinzas produzidas.
As simulações apontam que as finas cinzas aquecidas pelo Sol ascenderam à atmosfera até formarem uma barreira que bloqueou a grande maioria da luz solar que chegava à superfície terrestre. “No início teria sido tão escuro como uma noite enluarada”, explicou em um comunicado outro dos autores do estudo, Owen Toon, da Universidade de Colorado em Boulder.
Enquanto o céu recuperava paulatinamente sua luminosidade, as plantas não conseguiram realizar a fotossíntese durante mais de um ano e meio, segundo as simulações. A perda da luz solar provocou uma grande queda nas temperaturas médias, com uma queda de 29 graus Celsius na Terra e 11 nos oceanos.
No entanto, a temperatura da estratosfera aumentou, pois a cinza em suspensão absorvia a luz direta do Sol, o que causou a destruição da camada de ozônio, acelerada por outros processos químicos. Ao se dissiparem as cinzas, chegaram à superfície terrestre doses nocivas de luz ultravioleta.
// EFE