O ano mal começou e o brasileiro, de olho no calendário de 2017, já começa a se organizar para aproveitar os 12 feriados ou pontos facultativos que o ano terá com direito a vários “enforcamentos” de dias úteis. O custo do descanso reforçado para a economia, porém, será alto: mais de R$ 78,5 bilhões.
O cálculo foi feito pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), que há nove anos acompanha o custo dos feriados para o faturamento da indústria. Neste ano, as perdas para o setor em todo o país devem somar R$ 68 bilhões, o equivalente a 4,4% do Produto Interno Bruto (PIB) da atividade industrial.
Isso sem falar na cobrança de impostos que deixará de ser feita a nível federal, estadual e municipal. Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), os feriados e os dias “enforcados” impactam o desempenho das empresas e aumentam os custos operacionais.
No comércio, o impacto também será significativo, segundo projeções elaboradas pelo Clube dos Diretores Lojistas do Rio (CDL-Rio) e pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP): R$ 10,5 bilhões.
Nas contas do CDL-Rio, cada dia de comércio fechado representa, em média, R$ 405 milhões em vendas não realizadas. Só os supermercados devem registrar prejuízo de R$ 3 bilhões.
Sem lojas abertas, a entidade observa que perdem não só os consumidores e os proprietários, como também os próprios vendedores, que deixam de contar com o reforço da participação das comissões pelas vendas.
Novembro é o mais que mais concentrará feriados: Finados (dia 2), Proclamação da República (dia 15) e Dia da Consciência Negra (dia 20).
Em entrevista à Sputnik News, Jonathan Goulart, coordenador de Estudos Econômicos da Firjan, diz que, nos últimos anos, houve uma ocorrência muito grande de feriados que ocorrem não só na esfera nacional, como também nos estados e municípios.
Há uma demanda dos próprios empresários que reclamam do número excessivo de feriados, que geram perdas expressivas para o setor industrial, principalmente porque, no segmento, os processos de produção que são contínuos.
Ainda que se decida não interromper a produção, observa o coordenador da Firjan, os empresários são obrigados a arcar com custos trabalhistas elevados para continuar trabalhando nesses dias de feriado.
“Em um período de crise econômica como estamos vivendo isso é um problema bastante grave para a atividade industrial do país. Na indústria, por ter um valor agregado muito grande, você acaba tendo um PIB diário muito maior do que o produzido pelo setor de serviços, especificamente o turismo”, diz.
“Se a gente parar a atividade industrial por um dia, a gente não vai ter essa compensação pelo aumento do ganho do turismo. Em relação aos enforcamentos, isso acaba gerando perdas ainda maiores. Há alguns projetos de lei no Congresso que propõem passar os feriados que caem nos dias de semana para que sejam colados aos finais de semana, reduzindo assim as perdas com os “enforcamentos”, acrescenta Goulart.
“Não estamos contra os feriados. A primeira coisa que queremos é não aumentar o número de feriados. Achamos que essa seria a melhor maneira de trabalharmos com os feriados”, conclui.
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