A menção a um suposto ataque terrorista na Suécia feita pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deixou perplexos os cidadãos suecos e gerou uma onda de piadas nas redes sociais, especialmente no Twitter, a preferida do líder americano.
Durante um comício no Aeroporto Internacional de Orlando-Melbourne, na Flórida, neste sábado (18/02), Trump mencionou uma série de ataques terroristas para justificar seu decreto anti-imigração, incluindo um que teria ocorrido na Suécia.
“Vejam o que está acontecendo na Alemanha”, afirmou a certa altura Donald Trump, “vejam o que aconteceu na noite passada na Suécia. Suécia, vocês acreditam? Suécia. Eles receberam um grande número”.
A Suécia tem uma longa tradição de acolhimento de refugiados e imigrantes, e recebeu 163 mil pedidos de refúgio em 2015. Desde então, o país limitou o número anual de pessoas que pode acolher.
Porém, na sexta-feira à noite não aconteceu nada relevante na Suécia.
O caso mais recente de ataque terrorista ocorreu em dezembro de 2010, em Estocolmo, quando um cidadão sueco nascido no Iraque detonou dois explosivos, matando apenas a si mesmo – e este novo “fato alternativo de Donald Trump” não demorou a ter reações de entidades oficiais, nos mídia e nas redes sociais.
O tabloide Aftonbladet publicou um artigo endereçado ao presidente com o título: “Isto aconteceu na Suécia na noite de sexta-feira, Mr. President”. Em seguida são listados alguns acontecimentos, como um homem que recebeu atendimento por várias queimaduras, um alerta de avalanche e a perseguição da polícia a um motorista bêbado.
No Twitter, os usuários fizeram piada sobre o caso usando a hashtag #lastnightinSweden. O ex-primeiro-ministro sueco, Carl Bildt, questionou em sua conta no Twitter: “Suécia? Ataque terrorista? O que ele fumou?“.
Já Gunnar Hökmark, um membro sueco do Parlamento Europeu, retuitou uma mensagem: “#ontemànoitenaSuécia meu filho derrubou seu cachorro-quente na fogueira. Que triste! Como ele poderia saber?”.
Mensagens inundaram também a @sweden, a conta oficial do país no Twitter, que é administrada a cada semana por um sueco diferente. A responsável desta semana, Emma, que se descreve como uma bibliotecária e mãe, afirmou que a conta havia recebido 800 menções em quatro horas.
“Não, nada aconteceu aqui na Suécia. Não ocorreu nenhum ataque terrorista aqui. Nada. As principais notícias agora são sobre Melfest“, disse, referindo-se à competição para escolher o artista que representará a Suécia no concurso Eurovision.
“Não, senhor Trump. Isto não é um ataque químico de terroristas. Isto se chama as Luzes do Norte”, brincou o ator e historiador Bart van Ree no Twitter.
O jornalista Damien Fletche garantiu no Twitter que Donald Trump irá proteger a Suécia contra incidentes de terror como o dessa sexta-feira à noite, quando uma vaca atravessou a estrada.
Em seu primeiro mês na Casa Branca, o governo de Trump tem sido alvo de críticas e ridicularizações por mencionar ataques que jamais ocorreram.
No início do mês, durante uma entrevista, sua assessora Kellyanne Conway, que tornou famosa a frase “fatos alternativos”, se referiu ao “massacre de Bowling Green” – um massacre que nunca existiu – para explicar a política do novo presidente dos EUA contra a entrada de muçulmanos no país.