Depois de resultados promissores em ratinhos e primatas, o Instituto Evandro Chagas, sediado no Pará, anuncia que vai começar testes da vacina contra zika em seres humanos.
A informação foi divulgada na semana passada na XIX Jornada Nacional de Imunizações, da Sociedade Brasileira de Imunizações, em São Paulo. O instituto está desenvolvendo a vacina em parceria com a Universidade do Texas e com apoio da Organização Mundial de Saúde e do Ministério da Saúde no Brasil.
“As iniciativas com a vacina de zika estão andando mais rápido porque não foram identificados outros sorotipos do vírus, como é na dengue. Com isso, a complexidade é menor”, disse ao G1 Consuelo Oliveira, pesquisadora clínica do Instituto Evandro Chagas.
Os resultados em camundongos já foram publicados em julho na revista científica “Cell Reports”. Já os resultados em primatas também foram promissores, mas ainda não foram publicados em revista científica e, por esse motivo, não estão sendo divulgados.
Consuelo garante, no entanto, que os resultados foram positivos em ambos os testes.
Os testes
No estudo em camundongos, 46 cobaias foram testadas. Metade recebeu o imunizante e o restante recebeu uma “vacina falsa”. Nessa primeira fase do estudo, camundongos que receberam o imunizante apresentaram anticorpos contra o vírus zika.
Já na segunda fase do estudo, após o acasalamento das fêmeas, pesquisadores observaram que o vírus da zika sequer chegou até a placenta – o que trouxe a expectativa de que a vacina pode proteger o grupo mais vulnerável ao vírus, mulheres em idade fértil, exatamente o grupo definido pela OMS como prioritário para receber a vacina.
“O que foi interessante é que, nas cobaias não vacinadas, vimos que o vírus fez o mesmo percurso observado em humanos. A placenta com déficit de nutrição, os bebês nascendo pequenos, as malformações…”, explica Consuelo. “Ao todo, há 41 iniciativas no mundo em busca da vacina”, diz.
São várias as estratégias: há testes com vírus enfraquecido, com o vírus inativado, ou seja, morto, e com a vacina de DNA — quando apenas o material genético é introduzido no imunizante.
O Instituto Butantan, que fica no bairro do Butantã, em São Paulo, também faz análises preliminares com uma vacina pentavalente — que deverá ser usada contra todos os sorotipos da dengue e também contra o vírus zika.
Durante este ano o Instituto Evandro Chagas está desenhando como será o teste em humanos, marcado para começar em 2018.