Astrônomos descobriram que o exoplaneta WASP-12b não reflete quase nenhuma luz, fazendo com que pareça essencialmente preto. Este achado levanta novas hipóteses sobre a composição atmosférica do planeta, refutando modelos anteriores.
Através do Espectrógrafo de Imagem do Telescópio Espacial Hubble, uma equipe liderada por astrônomos da Universidade McGill, no Canadá, e da Universidade de Exeter, no Reino Unido, mediu a quantidade de luz que o WASP-12b reflete, algo que é chamado de albedo, para aprender mais sobre a composição da sua atmosfera.
Os resultados foram surpreendentes. “O albedo medido do WASP-12b é no máximo de 0,064. Este é um valor extremamente baixo, tornando o planeta mais escuro que o asfalto”, explica o autor principal da pesquisa, Taylor Bell.
Isso significa que o WASP-12b é duas vezes menos reflexivo do que a nossa lua, que tem um albedo de 0,12. “O baixo albedo nos mostra que ainda temos muito para a aprender sobre o WASP-12b e outros exoplanetas semelhantes”, acrescenta.
Muito quente
O WASP-12b orbita a estrela WASP-12A, do mesmo tipo que o nosso sol, a cerca de 1.400 anos-luz de distância. Desde sua descoberta, em 2008, tornou-se um dos exoplanetas mais bem estudados.
O WASP-12b possui um raio que é quase o dobro do de Júpiter, e um ano equivalente a pouco mais de um dia da Terra. Logo, é categorizado como um “Júpiter quente”. Por estar tão perto de sua estrela, a atração gravitacional o estica em uma forma oval, aumentando a temperatura da superfície em seu lado iluminado a 2.600 graus Celsius.
A alta temperatura também é a explicação mais provável para o baixo albedo de WASP-12b. “Há outros Júpiteres quentes que são extremamente pretos, mas eles são muito mais frios do que o WASP-12b. Para esses planetas, sugere-se que coisas como nuvens e metais alcalinos sejam o motivo da absorção de luz”, afirma Bell.
O lado iluminado de WASP-12b é tão quente que nuvens não podem se formar e os metais alcalinos são ionizados. O planeta é quente o suficiente para separar as moléculas de hidrogênio em hidrogênio atômico, o que torna sua atmosfera parecida com a de uma estrela de baixa massa. Essa pode ser a razão de seu baixo coeficiente de reflexão.
A tecnologia
Para medir o albedo do WASP-12b, os cientistas observaram o exoplaneta em outubro de 2016 durante um eclipse, quando ele passou por trás da sua estrela hospedeira por um tempo.
Este é o melhor método para determinar o albedo de um exoplaneta, pois envolve a medição direta da quantidade de luz refletida. No entanto, esta técnica requer uma precisão dez vezes maior do que as observações de trânsito tradicionais. Usando o instrumento do Hubble, os cientistas conseguiram medir o albedo de WASP-12b em vários comprimentos de onda diferentes.
Em seguida, os pesquisadores compararam essas medições com modelos atmosféricos previamente sugeridos para o WASP-12b, concluindo que os dados não correspondem a nenhum deles. As novas informações indicam que a atmosfera WASP-12b é composta por hidrogênio atômico e hélio.
WASP-12b é o segundo planeta a ser medido desta forma. Enquanto os resultados de outro Júpiter quente, HD 189733b, sugerem que o exoplaneta tem uma cor azul escura, o WASP-12b, por outro lado, não reflete luz em qualquer comprimento de onda. Porém, ele emite luz por causa de sua alta temperatura, o que lhe dá uma tonalidade vermelha semelhante a um metal incandescente.
A pesquisa foi publicada na revista científica The Astrophysical Journal Letters.
Ciberia // HypeScience