Lucas Almeida, um rapaz branco que postou uma foto no Instagram insinuando que seria roubado por um grupo de negros foi demitido do Studio Vitoria, local onde trabalhava, na capital do Espírito Santo. Um dos sócios da empresa também é negro e fez questão de comunicar a decisão com um depoimento pessoal.
Os próprios jovens que aparecem na foto – que, inclusive, não conheciam Lucas – interpretaram o gesto como racista. A denúncia foi feita por um deles, Iarley Duarte, que contou à Fórum como se sentiu após ver a foto publicada.
“Ficamos com muita raiva, indignados, tristes e revoltados pelo gesto, pela discriminação por conta da nossa cor e pela nossa classe social”, afirmou.
“Infelizmente, ninguém está livre do racismo e do preconceito, esse babaca chegou em nós no bloco, pediu uma foto com a gente, sem nos conhecer, sem nunca ter nos visto, filhinho de papai. Somos pretos, somos favelados e temos muito orgulho“, declarou.
O rapaz era identificado pela conta @lucasalmeid4 no Instagram, que foi removida. Ao comunicar o desligamento do profissional, o sócio do Studio Vitoria, Fabrício Affonso, repudiou o ato. “Sei o quanto a minha cor é carregada de estigma e sei quantas barreiras tive que enfrentar para chegar aonde cheguei.”, disse ele.
Fabrício ponderou que o rapaz poderia não ter tido noção da gravidade do que estava fazendo, mas fez questão de ressaltar que isso não importa.
“Conheço meus funcionários a nível pessoal, e acredito que a postagem tenha sido profundamente infeliz, beirando a ingenuidade, mas novamente, a empresa não pode compactuar com esse tipo de comportamento irresponsável e muito menos responder por ele. Podem ter certeza que tomaremos as medidas necessárias. Não nos interessa um funcionário com tal perfil. Nem a imaturidade, nem o carnaval e nem a bebida é desculpa para o racismo. Nada é desculpa para o racismo“, afirmou.
Somente depois disso tudo é que Lucas, o autor da foto, resolveu fazer uma postagem de retratação. No texto, o jovem pede desculpas e afirma que não tinha intenção de ofender ninguém. “Peço sinceras desculpas às pessoas que apareceram na foto e a quem mais eu tenha ofendido com meu post no Instagram, reiterando que essa nunca foi minha intenção”.
Ele minimiza, no entanto, que tenha agido com preconceito e sustenta a tese de que foi mal interpretado. “Não tenho, não exerço e me oponho a qualquer manifestação de preconceito, seja ele de raça/etnia, de religião, de gênero, de orientação sexual, de classe ou de capacidade e quem me conhece e convive comigo sabe bem disso”, escreveu.
“A frase de meu post replica um meme famoso veiculado na internet, que usei para fazer uma referência a mim mesmo – como se percebe pela frase na primeira pessoa do singular –, indicando que a brincadeira era para criticar e combater, usando de ironia, uma reconhecida injustiça e discriminação social. Reconheço agora que a brincadeira foi infeliz, inoportuna e precipitada pelo contexto da imagem, produzindo uma interpretação outra, que eu não pretendia, ensejada pelo clima festivo e de euforia do carnaval”, concluiu.
Ciberia // Hypeness / Revista Fórum