O ex-presidente francês François Hollande considerou no sábado (5) “vergonhosas” as declarações nas quais o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, utilizou o exemplo dos ataques jihadistas de Paris, em novembro de 2015, para defender sua posição a favor da liberdade do porte armas.
“As palavras vergonhosas e as gesticulações obscenas de Donald Trump dizem muito sobre o que ele pensa da França e seus valores. A amizade entre os dois povos não vai ficar manchada pela falta de respeito”, escreveu François Hollande no Twitter.
Hollande era presidente da França quando ocorreram os atentados na noite do dia 13 de novembro de 2015, que deixaram 130 mortos e centenas de feridos.
Trump discursou na sexta-feira na convenção anual da Associação Nacional do Rifle dos EUA (NRA), na qual reforçou a defesa das armas como “um direito à liberdade“.
O presidente americano se referiu ao massacre da sala de espetáculos Bataclan, dizendo que a França é um dos países com a legislação mais restritiva para portar armas e afirmou que “se alguém nessa sala tivesse uma arma, teria sido outra história“.
“Em Paris ninguém tem armas de fogo, ninguém. Os mortos daquela noite foram brutalmente assassinados por um grupo de terroristas que portavam armas”, comentou o republicano.
Para dar mais realismo ao relato, Trump simulou com gestos a ação dos jihadistas no Bataclan contando que “executaram um por um”.
“Venham aqui. Boom. Venham aqui. Os sobreviventes disseram que durou uma eternidade. Mas se um funcionário ou alguém nessa casa tivesse uma arma, os terroristas teriam fugido ou morrido”, opinou.
A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, declarou no Twitter que “a encenação dos atentados de 2015 pelo presidente Trump é depreciativa e indigna“.
A sala de espetáculos Bataclan, localizada no centro da capital francesa, foi um dos alvos dos atentados da noite de 13 de novembro de 2015, que causaram 130 mortos. O assalto armado à sala de espetáculos causou a morte de 90 pessoas.