As forças iranianas na Síria dispararam na noite desta quarta-feira (9) duas dezenas de mísseis contra as forças israelenses na parte dos montes Golã, ocupada por Israel, declarou o exército do país.
Os projéteis, quatro dos quais foram interceptados pelo sistema de defesa antimíssil israelense, não causaram vítimas, indicou aos jornalistas o porta-voz do exército do país, o tenente-coronel Jonathan Conricus.
De acordo com o The Times of Israel, citado pela Sputnik News, os habitantes da região foram instruídos a procurar abrigo, havendo relatos de que a população ouviu explosões que se repetiram várias vezes.
O porta-voz adiantou que os mísseis foram disparados pouco depois da meia-noite por homens da Força Al-Quds, da Guarda Revolucionária iraniana, sobre as linhas da frente do exército israelense nos montes Golã.
“Sabemos que isso vem da Força Al-Quds“, disse Conricus, adiantando que “o exército israelense vê esse ataque iraniano contra Israel com grande severidade”.
O ataque ocorre em um contexto de forte tensão entre israelenses e iranianos, após várias operações atribuídas ao exército israelense contra os interesses iranianos na Síria.
Um ataque na noite de terça-feira (8) com mísseis “provavelmente israelenses” perto de Damasco matou 15 combatentes estrangeiros pró-regime, entre os quais oito iranianos, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, que indicou: o alvo foi um depósito de armas pertencente aos Guardas da Revolução do Irã, força de elite do regime.
Antes, o exército israelense tinha informado que Israel se encontrava em “alerta máximo” frente ao risco de um ataque na zona dos montes Golã – território sírio ocupado e anexado pelo Estado hebreu –, “após identificar atividade irregular das forças iranianas na Síria”.
Os confrontos surgiram depois do anúncio de Donald Trump de que os EUA iriam abandonar o acordo nuclear com o Irã, que baixava as sanções econômicas aplicadas ao país em troca de o Irã não desenvolver armas nucleares.
Israel ataca dezenas de alvos iranianos na Síria
Israel atacou ao longo da noite de quarta-feira dezenas de alvos militares do Irã na Síria, após o ataque com 20 mísseis lançados pelo exército iraniano, anunciaram fontes militares.
“Atacamos dezenas de alvos militares na Síria”, disse a um grupo de jornalistas o porta-voz militar Jonathan Conricus, que adiantou: as forças israelenses que estiveram em operação “várias semanas, quase um mês, conseguiram frustrar vários ataques iranianos”.
“O ataque da noite passada foi um dos mais graves da Força Al-Quds da Guarda Revolucionária contra a soberania israelense. Foi ordenado e comandado pelo general Soleimani e não atingiu seus objetivos”, acrescentou.
Nenhum dos 20 mísseis do tipo Grad e Fajr lançados contra Israel caíram no país. Quatro deles foram interceptados e os restantes caíram na Síria.
O ataque iraniano foi lançado dos arredores de Damasco, a cerca de 30 ou 40 quilômetros da fronteira, e “foi muito grave” apesar de não ter deixado vítimas, provocando apenas danos materiais.
A operação israelense de ontem à noite “é uma das maiores realizadas pela Força Aérea nos últimos anos e a maior contra alvos iranianos. Foram atacados dezenas de alvos: centros de inteligência, bases militares, armazéns, mísseis balísticos e um veículo que servia como plataforma de lançamento de mísseis”.
“Estamos focados em destruir as capacidades iranianas na Síria, mas não em ferir as pessoas. Destruímos um trabalho de meses do Irã por lá”, afirmou Conricus, confirmando que “todos os alvos atacados foram destruídos e os aviões voltaram sem danos”.
“Isso é algo que tínhamos previsto, mas a Inteligência e a Força Aérea e outras forças foram capazes de minimizar os danos” e, embora tenha advertido a Síria para não intervir, os aviões de combate enfrentaram “fogo em massa das defesas antiaéreas” sírias.
Entre os alvos na Síria atacados por Israel estão centros de inteligência associados ao Irã e o Eixo Radical, uma sede de logística da Força Quds, instalação militar logística em Al Kiswa, o complexo militar iraniano a norte de Damasco, bem como armazéns de munição da Força Quds no aeroporto da capital síria.
Também foram destruídos sistemas de inteligência e postos associados com a Força Quds, postos de observação militar e de munição na região da fronteira e um lançador iraniano, de onde saíram os mísseis em direção a Israel.
As autoridades decidiram que a vida civil no território ocupado dos montes Golã continuará normalmente, pelo que haverá aulas e trabalho, pedindo, no entanto, aos cidadãos que se mantenham em alerta.
Ciberia, Lusa // ZAP