O exército israelense admitiu, mais de dez anos depois, ter estado por trás do bombardeio que destruiu um reator nuclear na Síria, que Assad construiu com a ajuda da Coreia do Norte.
Nesta quarta-feira (21), o Exército israelense admitiu que, há mais de dez anos, atacou e destruiu um presumível reator nuclear na Síria, durante uma operação relâmpago aérea.
Não subsistiam grande dúvidas de que Israel estava por trás da incursão audaz no território inimigo contra o local de Al-Kibar, na província de Deir Ezzor (leste), na noite de 5 para 6 de setembro de 2007. No entanto, esta é a primeira vez em que o país assumiu abertamente a autoria do ataque.
O reconhecimento coincide com os crescentes alertas do Estado hebraico sobre o reforço da presença do Irã na Síria, e com os apelos de Israel para que o histórico acordo nuclear firmado pela comunidade internacional com o país mulçumano em 2015 seja revisto ou até anulado.
Donald Trump apoia a vontade de Israel, e deu aos Estados-membros da União Europeia até 13 de maio para corrigirem o que considera serem as “terríveis lacunas” desse acordo com os iranianos, concluído em 2015.
A possibilidade de um ataque israelense contra instalações nucleares do Irã é objeto de intensa especulação, isso depois de, em 1981, os hebraicos terem bombardeado o reator nuclear de Osirak sob a oposição de Washington.
“Na noite de 5 para 6 de setembro de 2007, aviões da Força Aérea israelense atingiram e destruíram um reator nuclear sírio em desenvolvimento”, informou o Exército em comunicado.
“O reator estava prestes a ser concluído e a operação eliminou uma ameaça existencial para Israel e toda a região. Um reator nuclear nas mãos de Bashar al-Assad teria tido repercussões graves para todo o Oriente Médio”, lê-se no comunicado.
A Síria tem negado sempre a versão de que construía uma infraestrutura nuclear no local, muito embora a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) tenha, em 2011, considerado “muito provável” que fosse de fato um reator, talvez construído com o apoio da Coreia do Norte.
“A Síria construiu um reator nuclear na nossa frente”
Em 2007, os serviços secretos israelenses descobriram que no lugar daquilo que parecia ser uma fazenda, estava o primeiro reator nuclear da Síria, país com o qual Israel travou várias guerras, explica o Observador.
Ao Times of Israel, Tamir Pardo, que viria a ser diretor da Mossad entre 2006 e 2011, referiu que “durante anos, a Síria construiu um reator nuclear mesmo na nossa frente e nós não sabíamos de nada”. “O reator não foi construído no lado oculto da Lua, foi em um país vizinho sobre o qual nós achávamos que sabíamos de tudo”.
A descoberta dos israelenses se deu depois de ficarem sabendo que a Líbia desenvolveu de forma discreta um programa de armamento nuclear, quando Muhammar Kadhafi o admitiu em 2003. A descoberta tardia de Israel levou os serviços secretos a procurar outros casos.
Em março de 2007, os serviços secretos israelenses entraram no quarto de hotel do responsável pelas aspirações nucleares sírias, Ibrahim Othman, em Viena, e conseguiram acessar seu computador.
Os israelenses tiveram assim acesso a uma série de fotos e documentos, indicando que a Síria estava construindo um reator nuclear e que contou com a ajuda da Coreia do Norte, explica o Observador.
Quando os israelenses bombardearam o local, o reator já funcionava. Desde quando Israel atacou, os militares foram obrigados a manter silêncio. “Não houve cerimônias, não houve fanfarra. Tínhamos noção do significado histórico do nosso feito, mas tínhamos de nos controlar”, contou um dos pilotos dos oito aviões militares que bombardearam o local.
Ciberia // ZAP