Há uma nova forma de gelo. Conhecida como Gelo VII, essa forma exótica de água é muito veloz e pode estar aniquilando a vida extraterrestre.
De acordo com uma nova pesquisa, publicada no início de outubro nas Physical Review Letters, o Gelo VII pode crescer a velocidades superiores a 1.600 quilómetros por hora em condições atmosféricas encontradas em mundos com oceanos.
Tendo em conta a enorme velocidade de crescimento, os cientistas estimam que esse tipo de gelo poderia, sob condições certas, congelar o vapor de água do mundo oceânico em apenas algumas horas.
As fases do gelo variam de acordo com a forma dos átomos dos seus cristais. Cada aumento no número de gelo (I, II, III) corresponde ao aumento na pressão necessária para formar essa fase.
O extraordinário Gelo VII ficou conhecido em março, quando foi descoberto preso no interior de diamantes que se formavam a mais de 600 quilômetros abaixo da superfície terrestre – foi a primeira vez que esse tipo de gelo foi observado fora de um laboratório.
Especialistas do Laboratório Nacional Lawrence Livermore (LLNL), nos Estados Unidos, demonstraram como a água se transforma em Gelo VII, processo conhecido como “nucleação”. Compreender esse processo pode ajudar a explicar como a fase exótica de gelo se forma em planetas oceânicos.
Durante as simulações, os físicos descobriram que o Gelo VII se forma inicialmente em grupos de 100 moléculas antes de se espalhar rapidamente através da amostra.
Do Gelo VII à procura de novas formas de vida
A descoberta dessa rara forma de gelo pode ainda ajudar a esclarecer uma questão que teima em se prolongar – a vida extraterrestre. Supõe-se que esse novo estudo possa ajudar os exobiólogos que procuram vida em planetas distantes que são cobertos por água, escreve o jornal Physics Central.
Embora a água seja a base necessária para a vida na concepção humana, em alguns casos extremos, os fenômenos astrofísicos podem levar a um cenário onde a maior parte dos oceanos de um planeta se convertem em Gelo VII, impedindo assim a formação de vida – e se a vida alienígena não chega a se formar, nunca poderia ser encontrada.
“A água nesses mundos oceânicos, que são bombardeados por outros corpos planetários, como meteoros ou cometas, sofre intensas mudanças pelas quais a vida não consegue sobreviver”, explicou Jonathan Belof, físico da LLNL.
“A onda de choque lançada por explosões desses eventos em escala planetária pode comprimir a água a uma pressão 10 mil vezes maior se comparada com a superfície da Terra, fazendo que a água se transforme no Gelo VII”, concluiu o cientista.
Apesar de incrível, o Gelo VII pode estar aniquilando qualquer forma de vida extraterrestre antes mesmo de ela conseguir surgir. Boas notícias para a física, más notícias para a astrobiologia e para a caça à vida alienígena – assim é a Ciência.